São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997 |
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'A Trégua' repete clichês
MARILENE FELINTO
Durante a Segunda Guerra Mundial, Primo Levi, um químico italiano de origem judia, juntou-se à resistência italiana, foi preso e deportado para o campo de concentração de Auschwitz, na Alemanha. Seu romance "A Trégua" (1963) conta a trajetória de sua libertação de Auschwitz, cerca de um ano depois, e da longa caminhada de volta para casa, passando por um campo de transição russo, juntamente com um grupo de ex-prisioneiros de várias nacionalidades. A adaptação de Francesco Rosi consegue transformar num pastiche do Holocausto um dos mais elaborados romances de Levi. O escritor considerava "A Trégua" mais literário e "mais profundamente elaborado, mesmo como linguagem" do que o livro que lhe deu fama, "É Isto Um Homem?", de 1956. O filme de Rosi -"Lucky Luciano" (1973) e "Diário Napolitano" (1992)- se restringe a repetir clichês, do figurino às cenas e falas, dos filmes sobre o extermínio de judeus na Segunda Guerra. Turturro se esforça para representar um torturado e pensativo Levi em processo de readaptação à liberdade e à vida. Mas é tudo tão exagerado que o resultado é artificial, sem qualquer emoção. Todos os demais atores (a maioria italiana) sofre da mesma síndrome de falta de naturalidade na interpretação, ou seja, dos descuidos da direção equivocada. O filme participou da seleção oficial do Festival de Cannes 97 e foi relegado ao ostracismo que merece. Mas, no Festival de Filmes Judeus de San Francisco (EUA), foi elogiado como um "épico". Não poderia ser diferente. (MF) Onde: Cinesesc, hoje, às 20h Texto Anterior: Mueller-Stahl livra-se de sua culpa com 'Besta' Próximo Texto: 'Cicatriz' é estréia talentosa Índice |
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