São Paulo, sexta-feira, 31 de outubro de 1997
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Jiang enfrenta boicote em Nova York

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

O prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, que na terça-feira que vem concorre à reeleição, resolveu não receber o presidente da China, Jiang Zemin, que chegou ontem e passa o dia na cidade.
Giuliani, do Partido Republicano, de oposição ao governo federal, diz não concordar com o tratamento diferencial que o presidente Bill Clinton tem dado a Jiang e que é preciso lutar pelo respeito aos direitos humanos na China. O governador de Nova York, George Pataki, também republicano, vai aderir ao boicote contra Jiang.
O presidente chinês voltou a ouvir muitas críticas por conta do tema dos direitos humanos ontem em Washington, durante visita que fez ao Congresso. Ele prometeu ampliar a abertura democrática em seu país.
Mas parlamentares dos dois partidos políticos representados no Congresso se disseram insatisfeitos com suas garantias. "Ele foi evasivo demais", afirmou Nancy Pelosi, deputada democrata.
O Congresso norte-americano tem 30 dias para aprovar a decisão de Clinton de ativar acordo que permitirá a venda de reatores e tecnologia nuclear para a China. Muitos parlamentares acham que as garantias dadas por Jiang, de que a China vai parar de exportar tecnologia nuclear para o Irã, país considerado Estado terrorista pelos EUA, são insuficientes.
Jiang almoçou no Conselho de Relações Exteriores ao lado de Henry Kissinger, ex-secretário de Estado que articulou a volta das relações diplomáticas entre EUA e China, na década de 70.
Depois, foi à Filadélfia, onde visitou o local que guarda o Sino da Liberdade, símbolo da independência dos EUA.
Hoje, ele toma café da manhã com George Bush, ex-presidente que foi embaixador dos EUA em Pequim. Jiang abre os trabalhos na Bolsa de Valores, visita a IBM e a AT&T, encontra-se com diplomatas da China junto à Organização das Nações Unidas e janta com o Conselho de Negócios EUA-China. Amanhã, vai a Boston, onde falará na Universidade de Harvard.
A mulher de Jiang, Wang Yeping, descobriu que o chapéu de palha que ganhou na cidade histórica de Williamsburg, típico das colônias norte-americanas no século 18, foi fabricado na China.
A avaliação da visita de Jiang aos EUA por enquanto tem sido a de que ela está sendo um sucesso em termos comerciais para os dois países, mas um fracasso para Clinton no que se refere a avanços na área dos direitos humanos na China. Apesar dos termos duros usados por Clinton anteontem, Jiang não fez concessões nesse setor.
Amanhã, Jiang deixa Boston e vai a Los Angeles. Na Califórnia, terá atividades sociais. Parte de volta a Pequim domingo à noite.

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