São Paulo, sábado, 1 de novembro de 1997
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Advogado de Maluf faz crítica a promotor que investigou o caso

Declarações feitas à imprensa irritaram malufistas

DA REPORTAGEM LOCAL

O advogado do ex-prefeito Paulo Maluf (PPB), Ênnio Bastos de Barros, acusou ontem o promotor Alexandre de Moraes, um dos responsáveis pelo inquérito do Frangogate, de ter agido incorretamente ao convocar uma entrevista para anunciar que havia encaminhado à Justiça uma ação de improbidade administrativa contra seu cliente.
Para o advogado, o promotor "não guarda o necessário comedimento" ao "dar como certo o que ainda caberá a ele provar".
Barros afirmou que os "comentários desairosos" que teriam sido feitos pelo promotor "levam à formação da opinião, o que é muito importante no aspecto político".
O advogado disse que não sabe quais seriam as motivações do promotor para explicar seu comportamento. "Mas o que se percebe é que, sempre que há uma ação sistemática contra um homem público, há um objetivo político."
Barros afirmou que poderá entrar com uma ação na Procuradoria Geral do Estado contestando o comportamento do promotor. "Já representei contra outros promotores e obtive êxito."
Ontem, o promotor Moraes interpretou os ataques do advogado de Maluf como uma "ameaça": "Nenhuma ameaça vai impedir que o Ministério Público continue seu trabalho técnico de defesa do patrimônio público", afirmou.
Segundo o promotor, ele convocou a entrevista porque "a sociedade e a imprensa tinham interesse no caso" e "a obrigação de um órgão público é ser transparente".
Moraes disse ainda que, na entrevista, só foi falado do que consta dos autos do processo: "O advogado dos réus devem se defender dos fatos e não utilizar a tática antiga e ineficaz de tentar desqualificar o Ministério Público", disse.
Acusações
O Ministério Público acusa Maluf de improbidade administrativa por ter tido "conduta deliberadamente disposta a favorecer empresas familiares".
O favorecimento teria ocorrido na compra de cortes congelados de frango por parte da prefeitura, durante a gestão Maluf, das empresas A D'Oro e Obelisco, que pertencem respectivamente a um cunhado e à mulher do ex-prefeito.
Segundo Adilson Laranjeira, assessor de imprensa de Maluf, o ex-prefeito não tinha conhecimento da licitação em que seu cunhado Fuad Lutfalla, da A D'Oro, vendeu frangos à prefeitura.
O ex-prefeito também alegou desconhecer que a Obelisco, que pertence a sua mulher, Sylvia, teria fornecido frangos vivos à A D'Oro.
Quanto à acusação de superfaturamento, um texto de defesa do ex-prefeito Maluf divulgado anteontem afirma que exigências da prefeitura o tornam mais caro: "As descrição, características, embalagem, rotulagem, procedimentos e prazos de entregas do produto são extremamente minuciosas, ou seja, encarecem o produto".
O texto ainda afirma que a Lei das Licitações permite a modalidade de "tomada de preço" no caso da compra de produtos alimentícios, dispensando a licitação.

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