São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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Suruagy renuncia ao governo de Alagoas

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

O governador licenciado de Alagoas, Divaldo Suruagy (PMDB), renunciou hoje às 11h45 (horário de Brasília) a seu terceiro mandato, iniciado em 1995.
Licenciado do cargo desde dia 17 de julho passado, Suruagy disse que decidiu renunciar em razão de decisão judicial que o obrigava a reassumir ontem o cargo.
O desembargador Nelson Rodrigues suspendeu o efeito da liminar que cassava o mandato e a imunidade de Suruagy. A liminar havia sido concedida pelo juiz Roldão Oliveira Neto, da 26ª Vara de Maceió. Em compensação, o desembargador obrigava a reassumir imediatamente o governo.
Com Suruagy no cargo, a ajuda financeira que o governo federal vem dando ao governo alagoano ficava ameaçada.
A crise financeira de Alagoas deixou os 55 mil servidores com salários atrasados por sete meses, as escolas e hospitais fechados, além dos serviços públicos paralisados por várias greves.

Primeiro, a licença
Em julho, Suruagy se licenciou mediante manifestação de servidores, a maioria policiais civis e militares em greve, que ameaçavam os 27 deputados estaduais caso eles não aprovassem o impeachment do então governador.
Ele era acusado de irregularidades na emissão de R$ 301,6 milhões para pagamento de precatórios (dívidas judiciais) inexistentes. Houve troca de tiros entre o Exército e os manifestantes. Na época, Suruagy decidiu optar pela licença do cargo.
Mas a renúncia, agora oficializada, tem outro motivo principal: ela obstrui o processo de impeachment que Suruagy vinha sofrendo na Assembléia Legislativa. Os pedidos de impeachment haviam sido arquivados pelo deputados estaduais, mas a oposição tentava, na semana passada, encontrar meios de anular a decisão.
Suruagy, porém, vai responder criminalmente no STJ (Superior Tribunal de Justiça) pela acusação de crimes de peculato (apropriação de bem público em proveito próprio ou alheio) e formação de quadrilha.
"Deixo o governo para reparar os atos de meu governo, apesar de não estar consciente de haver cometido qualquer falta intencional. Tenho uma compreensão bastante profunda de meus defeitos, para não imaginar que cometi muitos erros. Mas, fossem eles quais fossem, não os cometi consciente de que estava errado", afirmou.
Suruagy confirmou ontem que vai disputar um vaga na Câmara dos deputados no próximo ano. "Deixo o governo para me candidatar a deputado federal e deixo o governo nas mãos do meu herdeiro político, (o governador interino) Manoel Gomes de Barros (PTB)", disse.
Caso seja eleito deputado federal, Suruagy obtém automaticamente a imunidade parlamentar -a Justiça terá que pedir licença ao Congresso para prosseguir o processo contra ele.

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