São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997 |
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Líder levou beleza e estilo chique à esquerda
EMANUEL NERI
Qual a ativista capaz de vestir um elegante tailleur marrom para comparecer a um "ponto" marcado com colegas de clandestinidade para discutir os rumos de grupos armados? Iara fazia isso sem se preocupar com eventuais críticas de colegas nem com a rígida disciplina dos grupos armados. Do mesmo jeito, criticava colegas que não raspavam as pernas. Para o irmão Samuel Iavelberg, Iara era uma mulher alegre, de personalidade forte e extremamente vaidosa. Mesmo em plena atividade política, não esquecia o salão de beleza. Muito de sua curiosa história está contada no livro "Iara", da jornalista Judith Lieblich Patarra. Iara casou aos 16 anos, com o judeu Samuel Haberkorn. O casamento durou muito pouco tempo. A militância política foi seu passo seguinte. Seu primeiro grupo político foi a Polop (Política Operária), organização que se limitava ao meio estudantil. Mesmo quando optou por grupos mais radicais, como a VPR e o MR-8, jamais perdeu seu estilo. Adorava Roberto Carlos -"masculino e feminino assumidos". Certa vez, em esconderijo no Rio, chamou a atenção de um colega por se trancar no banheiro por muito tempo. "Vinha como se fosse a um baile. Bem-vestida, pintada, cabelo bonito", dizia o amigo. "Primeiro, eu gosto. Segundo, quero que meu companheiro me ache bonita", respondia. Rompeu com tudo, até com a tradição judaica de não comer carne de porco. "Demorei a descobrir carne de porco. Quero descontar", dizia. (EN) Texto Anterior: A necropsia de Iara Iavelberg Próximo Texto: Família quer forçar exumação Índice |
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