São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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Inclusão de outras etnias é defendida

Índios devem ser valorizados

MARCOS PIVETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Personalidades do mundo artístico ouvidas pela Folha aprovam, em linhas gerais, as mudanças em estudo para o censo do ano 2000, mas acreditam que o IBGE deveria perguntar todas as origens étnicas dos entrevistados -e não apenas se os pardos têm ou não afrodescendência.
Se uma pessoa, por exemplo, descende de índios, negros e brancos, esses três elementos devem estar presentes em sua resposta ao censo (e não somente a sua ascendência negra) -diz a maioria dos entrevistados.
Para o cantor Chico César, autor da música "Mama África", "é importante valorizar a origem negra do população brasileira, mas não podemos esquecer também as outras etnias".
Chico César, que se considera essencialmente negro (a mãe era dessa cor), conta ter também traços indígenas e do homem branco herdados de seu pai, um caboblo que era um mistura dessas duas últimas raças.
A cantora e atriz Tânia Alves, que interpretou em algumas novelas morenas brejeiras, diz que, se vai ser feita uma pesquisa da origem racial das pessoas, é melhor levantar todas as influências.
"Resgatar a identidade dos negros é uma coisa boa, mas classificar apenas os afrodescendentes talvez seja discriminação com as outras etnias", afirma a atriz.
Para o humorista Hélio de la Peña, único negro da turma do Casseta & Planeta, é estranho perguntar para os pardos se ele são afrodescendentes.
"Nunca ouvi ninguém dizer que é afrodescendente. Mas, como a modificação é para o censo do ano 2000, talvez nasça algum afrodescendente até lá", diz, em tom de brincadeira, o humorista.
"A nova terminologia pode ajudar o crioulo brasileiro a assumir que é negro."

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