São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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'Queridas, vamos às compras, vamos atrás de pechinchas'

DA REPORTAGEM LOCAL

Leia a seguir os principais trechos da entrevista concedida na quarta-feira por Betty Sinnock, 65, à Folha por telefone:
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Folha - Depois dos últimos dias de crise nas Bolsas de Valores, que conselho a sra. daria para os pequenos investidores?
Betty Sinnock - Achamos que a queda da Bolsa pode significar uma perda só no papel porque ações são um investimento de longo prazo. Uma situação como a atual é o pior momento para se entrar em pânico e vender.
Já vimos situações em que a Bolsa tinha subido muito, vimos investidores vendendo para realizar lucros e vimos o índice (Dow Jones, da Bolsa de Nova York) cair subitamente e de forma dramática em um único dia.
A queda de segunda-feira foi um pouco mais extrema, mas esse é o tipo de situação em que falamos umas para as outras: "Queridas, vamos às compras, vamos atrás de pechinchas". Tentamos checar se a cotação de alguma ação em que investimos caiu. É nessas horas que se pode fazer uma boa compra.
Folha - E vocês conseguiram encontrar boas pechinchas?
Sinnock - Infelizmente não, até agora. Não tivemos chance para nos encontrar porque estávamos superocupadas, dando entrevistas.
Folha - Vocês perderam muito dinheiro com a queda da Bolsa dos últimos dias?
Sinnock - Não temos ainda uma avaliação detalhada, mas, pelo que pude ver, a grande maioria das ações da nossa carteira não caiu tanto quanto o índice. Apenas duas ou três ações caíram muito. E, no caso de pelo menos uma dessas ações, sua cotação recuperou na terça-feira metade do valor perdido na segunda.
Folha - Todas as sócias do clube conseguiram manter-se calmas, sem entrar em pânico?
Sinnock - Estou surpresa com as reações. Nosso clube é formado por senhoras com idades entre 45 e 90 e ninguém, em nenhum momento, sugeriu que saíssemos da Bolsa por medo do mercado.
Folha - O estilo de vida das sras. mudou muito com a fama?
Sinnock - Não pensamos a nosso respeito como famosas. Acho que todas nós do clube nos tornamos muito mais ocupadas do que antes. Eu tenho viajado muito para fazer palestras e divulgar o clube.
Folha - No livro, as sras. recomendam que os investidores fixem metas claras ao investirem na Bolsa -ganhar dinheiro para comprar uma casa, por exemplo. Qual era o seu objetivo?
Sinnock - Meu principal objetivo era aprender que tipos de aplicações existem e como escolher a melhor opção de investimento para formar um fundo que garantisse minha aposentadoria.
Folha - E a sra. já conseguiu isso?
Sinnock - Sem dúvida. Estou trabalhando apenas meio período e formei um patrimônio substancial.
Folha - Que tipo de pessoa pode se sair bem investindo em Bolsas?
Sinnock - Deve ser alguém que se disponha a gastar parte do seu tempo estudando as empresas com ações na Bolsa ou alguém que encontre um corretor em que confie. Tenho encontrado pessoas, especialmente mais idosas, que se lembram dos tempos da Depressão (depois do crash da Bolsa em 1929) e que têm medo de investir em ações porque acham que não devem arriscar seu dinheiro na Bolsa. Então, eu digo: se você vai perder o sono à noite por causa da Bolsa, não compre ações.
Você tem que estar confiante de estar fazendo a coisa certa, tem que saber que existe risco e que pode perder com a Bolsa, mas também tem que saber que ações têm provado ser a melhor opção de investimento.
Folha - O que a sra. aprendeu com sua experiência no clube de investimento?
Sinnock - Quanto começamos, não sabia nada sobre mercado de capitais. Nós decidimos que educação -a nossa educação- era a nossa meta número 1. A cada reunião, procuramos aprender sobre alguma coisa nova.
Folha - O seu trabalho também foi mudado por causa do clube?
Sinnock - Tenho orgulho de dizer que hoje oriento os clientes do banco quanto a seus investimentos. Conformei fui aprendendo, fui promovida.

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