São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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Governo nega ataque ao real

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A equipe econômica avalia que o Brasil não sofreu um ataque especulativo clássico. Isto é, não houve apostas contra a moeda brasileira. Foram apenas pressões para testar o governo.
Assim como Hong Kong, o governo decidiu que a melhor política seria elevar os juros -mesmo que a medida reduza o nível de atividade da economia e aumente o custo dos empréstimos e do cheque especial, por exemplo.
O governo sabe que a dose foi forte. Nas conversas com o presidente Fernando Henrique Cardoso, a equipe econômica argumentou que esse custo seria menor do que o de um eventual ataque especulativo.
"A grande questão é saber quanto tempo vai durar. Seu impacto sobre o nível de atividade econômica é grande", disse à Folha Luís Eduardo Alves de Assis, diretor da distribuidora de títulos do HSBC Bamerindus.
Ex-diretor de Política Monetária do Banco Central, Assis afirmou que aumentar os juros "era a única alternativa". Com isso, disse ele, "o governo mostra suas prioridades e quais as suas armas".
Segundo ele, as prioridades do governo são claras: quer manter a inflação sob controle e não pretende alterar a política cambial. Assis acha que o mercado de ações ainda deve ficar instável uns dias.
"Vamos digerir o que o governo fez nesse final de semana para depois discutir o que fazer", disse Marcelo Allain, diretor do BMC.
Em sua opinião, o mercado de crédito ainda está parado porque não sabe o que cobrar nos empréstimos. Allain disse que a elevação da taxa de juros foi exagerada, mas que o objetivo do governo foi atingido.
Segundo ele, o mercado financeiro não esperava "uma pancada tão forte".
Assis também acredita que "não houve um ataque especulativo clássico".
Para ele, a fuga de capital estrangeiro do Brasil tem dois motivos principais: necessidade de fazer dinheiro aqui para cobrir despesas no exterior e incertezas.

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