São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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Móveis inteligentes garantem conforto

Mercado oferece opções para qualquer área

LIA REGINA ABBUD
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A área de serviço e o quarto de empregada tornaram-se artigos de luxo. As cozinhas estreitaram e acolhem, quando muito, duas pessoas. O teto abaixou.
Quem está à procura de um imóvel novo já sabe que os apartamentos encolheram definitivamente nos últimos anos, em nome da redução de custos.
Isso não significa, porém, abrir mão de confortos que já viraram sinônimo de vida moderna.
Acompanhando essa tendência de redução da área útil dos apartamentos, fabricantes de móveis oferecem soluções para qualquer disponibilidade de espaço.
As opções vão de camas que "somem" durante o dia a mesas dobráveis. Até um "home theater" pode ser encaixado em uma sala de 9,6 m2 (leia textos nesta página).
Na análise de Pedro Cury, 64, presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil-SP, o espaço médio -área útil- de apartamentos de um dormitório, na década de 80, era de 60 m2. Para dois e três dormitórios, o mínimo construído era de 95 m2 e 140 m2.
Hoje, segundo pesquisa do Datafolha, as áreas médias dos apartamentos em São Paulo são de 33 m2, 55,8 m2 e 81 m2, respectivamente.
Em troca do espaço perdido, o comprador ganhou áreas de lazer coletivas e, principalmente, preço acessível.
Ricardo Manzione, diretor de lançamentos da Camargo Dias, calcula que um apartamento de dois dormitórios em Osasco (Grande São Paulo), de 61 m2, com preço de R$ 68 mil, subiria para R$ 78 mil se tivesse 9 m2 a mais.
"Por esse preço, o público procura um apartamento de três dormitórios. Sair dos parâmetros pode resultar em perda de compradores."
Fabio Rossi Filho, 31, diretor de marketing da Itaplan Imóveis, diz que o objetivo da mudança no perfil dos apartamentos visa unir bons preços e funcionalidade.
"Atualmente, o planejamento das áreas é mais importante do que a metragem total. Quem procura preço baixo não se preocupa com áreas de serviço ou corredores espaçosos."
A opinião de Marco Antônio Biagini, 31, é outra. Ele comprou um apartamento de três dormitórios de 65 m2 no Horto Florestal (zona norte de São Paulo) há cerca de quatro anos, mas ainda não mora no local nem decorou o apartamento completamente.
"Sabendo o quanto poderia gastar, não pude fazer muitas escolhas. Mas, desde o começo, percebi que existiam falhas no apartamento e que precisaria fazer algumas modificações para que ele ficasse mais confortável."
Seu irmão Sandro, 30, enfrentou as mesmas dificuldades. Mora há um ano em um apartamento na Freguesia do Ó (zona noroeste de São Paulo), que tem 49 m2 e dois dormitórios.
Antes mesmo de mudar para o novo apartamento, ele e a mulher, Ana Paula, 28, quebraram paredes e pias para poder aproveitar melhor o espaço.
"A cozinha é o menor ambiente. A mesa é dobrável, e as panelas ficam penduradas na parede porque não cabem nos armários."
A pia do banheiro de serviço, que não seria muito utilizada pelo casal, foi quebrada. O espaço foi transformado em depósito de objetos pessoais e bugigangas.
Os maleiros dos guarda-roupas, nos dois quartos, também eram pequenos, e as malas acabavam ficando para fora.
Como os fundos dos guarda-roupas se encontram, a solução foi quebrar a parede de separação e fazer um espaço único, mais amplo, para acomodar as malas.

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