São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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Revolucionário vai mal de voto em SP

Valério Arcary teve menos de 1% em l996

SÉRGIO MALBERGIER
DA REDAÇÃO

Sim, eles ainda existem. E estão bem organizados. Num sobrado sem placa, no bairro paulistano de Vila Mariana, que mais parece a base de uma célula clandestina, Valério Arcary, 40, dirigente nacional do PSTU, pontifica: "Os trabalhadores, para mudar o mundo, não podem confiar só em colocar voto em urna, mas em si mesmos, em sua ação direta, em sua força revolucionária."
O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado foi fundado em 1994, após uma de suas correntes majoritárias, a Convergência Socialista, ter sido expulsa do PT. "O PT é um partido de conciliação que prega a colaboração entre classes", critica o trotskista Arcary.
Ele foi candidato a prefeito em São Paulo nas eleições de 1996. Ficou com menos de 1% dos votos. No país todo, o PSTU não elegeu ninguém. Mas, mês passado, fez festa para receber o deputado federal Lindberg Farias, que rompeu com o PC do B.
A revolução, para Arcary, não depende das pessoas, mas da história. "As revoluções sociais são um fenômeno histórico. Não dependem da vontade dos partidos marxistas ou da resistência dos dirigentes capitalistas."
E ele vê sinais de revolução no ar. "A greve internacionalista da Renault este ano -parou fábrica na Bélgica, em Paris, em Valência- foi um sinal de reorganização do movimento operário."
Arcary não participou da luta armada no Brasil. Era muito jovem e saiu do país em 1966, aos oito anos, levado pela mãe, diplomata do Itamaraty e muito ligada ao governo João Goulart.
Voltou só em 1978, depois de participar da Revolução dos Cravos em Portugal.
Como cacoete revolucionário, guarda a eterna desconfiança. "Estamos sendo monitorados. Todos os telefones estão grampeados. Fotografam nossas sedes...".

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