São Paulo, domingo, 2 de novembro de 1997
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Microempresas cruzam fronteiras

Produtos regionais abrem portas no exterior

SIMONE CAVALCANTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Boa parte delas não está atrelada ao eixo Rio-São Paulo. Algumas ficam em áreas que mal constam nos mapas. Mas todas encontram mercado garantido no território nacional e em outros países.
Pão de queijo, artesanato em cerâmica, guloseimas feitas de mandioca, doces, petecas, erva-mate. A lista dos produtos tipo exportação é variada. O ponto em comum é que todos estão dando impulso a muitos negócios.
Só o volume de exportações dos pequenas empresários mineiros cresceu cerca de 1.000% em dez anos, segundo dados do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Nilton Arguelo, 65, consultor de comércio exterior do órgão, afirma que as empresas de pequeno porte representam cerca de 10% do total das exportações brasileiras.
A empresa baiana Coisas da Terra, especializada em artesanatos de cerâmica, é um exemplo de que artigos com características regionais podem ganhar espaço no exterior.
O negócio começou em 1970, em Piracaia (interior da Bahia), com um ateliê que produzia objetos inspirados nas plantas da região.
O diferencial deu certo. Em 95, a empresa abriu uma fábrica em Salvador e transferiu os negócios para a capital baiana.
Mas o sucesso regional ainda era pouco. A participação em uma exposição em Nova York, em 96, trouxe os contatos para iniciar o processo de exportação para lojas dos Estados Unidos.
Hoje, com um "showroom" em Chicago, a marca já está negociando com França, Suíça e Japão.
"O faturamento pulou de R$ 200.000, em 93, para R$ 1.000.000, em 97", diz Baldomero Trindade Filho, 46, diretor de exportação.
Segundo ele, a venda de itens para o exterior representa 5% da produção total, que hoje é de cerca de 80 mil peças por mês.
A marca Maha se projetou do Mato Grosso do Sul para o mercado internacional com a venda de mandiocas. A empresa industrializa e congela cerca de 60 toneladas por mês do produto, além de derivados, como croquetes e polenta.
Os itens são distribuídos para São Paulo, Rio de Janeiro, Amazonas, Pernambuco, Paraná e também para o Japão.
"A mandioca é um produto que encontra mercado em qualquer lugar, porque tem bom preço e sabor especial", diz Américo Yamamoto, 38, sócio da empresa.
Segundo ele, o faturamento da Maha deve chegar à marca de R$ 1,3 milhão neste ano.

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