São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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90% morrem no caminho

SÉRGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Nove em cada dez animais retirados por traficantes de seus locais de origem morrem antes da chegada ao destino final.
A mortandade é provocada pelos maus-tratos a que os animais são submetidos na viagem até os pontos onde serão vendidos.
As causas da morte são variadas: fome, sede, doenças, calor, asfixia em ambientes sem ventilação e até por esmagamento originado na superpopulação dos espaços onde os animais são armazenados.
Para que os bichos não chamem a atenção das pessoas, os traficantes costumam adotar métodos cruéis de silenciamento.
Alguns pássaros têm os olhos perfurados. Cegos, eles não notam o amanhecer, período do dia em que cantam. Sem o canto, os pássaros não despertam a atenção das pessoas que estão por perto, geralmente em ônibus. Mais inquietos que os pássaros, os primatas (micos e macacos de porte menor) são dopados pelos traficantes.
A ausência no Estado do Rio de centros de triagem para a recuperação de animais apreendidos por policiais e guardas florestais é mais um dos problemas que envolvem a questão do tráfico de animais.
"O ideal seria mandar os animais para um centro, com biólogos, veterinários, tratamento especializado, período de quarentena. Não temos isso. O jeito é enviar para zôos", disse o comandante do Batalhão Florestal, tenente-coronel José Luiz Knoller.
Como muitas vezes os zoológicos não aceitam as remessas, os animais acabam sendo soltos em áreas cobertas de vegetação, o que pode levá-los à morte.
"O bicho acaba morrendo porque não vai saber onde arrumar comida. Isso causa ainda o estresse no animal que já mora naquela mata. No fim, morrem os dois", disse o biólogo Vilmar Berna, da Apedema (Assembléia Permanente das Entidades de Defesa do Meio Ambiente do Estado do Rio).
(ST)

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