São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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Tráfico de animais movimenta US$ 1,5 bi

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Doze milhões de animais silvestres desaparecem todos os anos no Brasil, onde o tráfico de espécimes raras ou pitorescas movimenta, anualmente, de US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão.
A avaliação da quantidade de animais que traficantes retiram de seus locais de origem (florestas, mangues e cerrados, por exemplo) é oficial. Moção do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) acusa a responsabilidade do tráfico no sumiço anual dos 12 milhões de animais.
Na estimativa de entidades ambientalistas internacionais, o Brasil responde por algo entre 10% e 15% do mercado do tráfico de animais silvestres, atividade criminosa que faz circular, no mundo inteiro, US$ 10 bilhões por ano.
Cerca de 30% dos animais silvestres brasileiros recolhidos pelo tráfico vão para o exterior. Os demais têm como destino áreas clandestinas de criação, colecionadores e, principalmente, feiras de rua.
Os traficantes internacionais estão cada vez mais sofisticados. No caso de papagaios e araras, são enviados ovos em incubadoras para o exterior, em vez de exemplares das espécies (conjunto de espécimes muito semelhantes entre si).
A exportação de ovos de pássaros ocorre por meio de documentações falsas. "Os ovos são recolhidos nos ninhos, colocados em incubadoras e exportados com o selo de outras aves, como pinto de raça, por exemplo", disse à Folha o biólogo Vilmar Berna, presidente da ONG Defensores da Terra.
O Rio ostenta o título de "capital internacional do tráfico de animais", dado por entidades ambientalistas de todo o mundo.
As feiras funcionam de maneira muito parecida. Os animais costumam ser expostos no interior das feiras, geralmente por crianças e adolescentes. O cliente interessado faz o contato com o menor, que providencia o animal desejado.
Nas feiras maiores, o traficante evita juntar toda a sua mercadoria em um só lugar. Depósitos clandestinos de pássaros, mamíferos como micos e coelhos, e até jacarés e cobras ficam próximos às feiras.
Para abastecer as feiras, os traficantes recorrem a caçadores e mateiros, que percorrem as matas do Estado à procura das espécimes encomendadas.
O Rio recebe ainda animais trazidos de outros Estados, principalmente das regiões Norte e Nordeste. Os bichos chegam escondidos em carrocerias de caminhões e bagageiros de ônibus de linhas convencionais.

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