São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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Câmara pode investigar morte de meninos

DÉCIO SÁ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO LUÍS

O vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, Agnelo Queiroz (PCdoB-DF), deve pedir amanhã a criação de uma subcomissão para participar das investigações sobre a morte de 12 meninos, ocorridas em São Luís (MA) e municípios vizinhos nos últimos seis anos.
Queiroz disse que enviará ofício ao Ministério da Justiça para que a Polícia Federal participe das investigações.
Os meninos, de famílias pobres, têm entre 9 e 15 anos. Levados da porta de suas casas, os meninos foram mortos e tiveram os órgãos genitais extirpados, os corpos mutilados e depois jogados no mato.
"Se os meninos fossem de classe média, já teria havido uma investigação com repercussão nacional", disse Queiroz. "Pode se tratar de um maníaco."
As duas últimas vítimas foram os estudantes Rafael Carvalho Carneiro, 15, e Josemar de Jesus Batista Santos, 13.
Com essas mortes, subiu para seis, neste ano, o número de vítimas do matador de meninos.
Segundo o IML (Instituto Médico Legal), o corpo de Rafael foi encontrado na quarta-feira passada sem o mamilo esquerdo, a orelha esquerda e os órgãos genitais. Teve ainda três unhas arrancadas e foi torturado antes de morrer.
O caso de Josemar, que morava em São José de Ribamar (a 31 km de São Luís), foi parecido. Ele desapareceu de casa em 9 de outubro e seus restos mortais foram encontrados uma semana depois.
Os crimes contra menores em São Luís começaram em 22 de setembro de 1991 com Ronier Silva Cruz, 10. Sofreu violência sexual e teve os órgãos genitais extirpados.
Após mais quatro crimes cometidos nas mesmas circunstâncias foi preso o carpinteiro Bernardo da Silva Dias. Levado a júri, foi absolvido por falta de provas em 1992. Os crimes voltaram a acontecer no início do ano passado.
Em 9 de junho deste ano, mais duas crianças foram encontradas mortas da mesma maneira e o carpinteiro voltou a ser preso. Está aguardando novo julgamento em uma delegacia.

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