São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Impacto político do crash será avaliado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ainda é uma incógnita para o presidente Fernando Henrique Cardoso o efeito do crash global no comportamento dos parlamentares da base de apoio político ao governo no Congresso.
Amanhã, em reunião com os líderes de partidos aliados ao governo, o presidente começará a aferir se a vulnerabilidade do real pesará mais do que as conveniências eleitorais dos governistas na hora de votar as reformas propostas nos últimos dois anos e dez meses.
Antes da crise internacional nas Bolsas e da ameaça de ataque especulativo ao real, eram grandes as chances de derrota, na Câmara, da reforma administrativa, que permite demitir funcionários com estabilidade no emprego e cuja votação está marcada para o dia 12.
O destino mais provável das reformas tributária, política e da Previdência -igualmente encalhadas no Congresso- era o adiamento para depois das eleições do ano que vem.
Embora não reduzam imediatamente os gastos do governo, nem garantam o equilíbrio nas contas públicas no atual mandato, as reformas, caso aprovadas, funcionariam como sinalização importante ao mercado financeiro.
O comportamento dos aliados governistas vai depender da ação do próprio FHC nos próximos dias. O presidente deverá assumir o comando das negociações para convencer os aliados, em nome da manutenção da estabilidade da moeda e das chances de vitória na campanha da reeleição em 98.
A operação é considerada de risco por alguns de seus interlocutores no Congresso. Falta consenso sobre as reformas, que exigem o voto de três quintos do Congresso.
"O governo não vai inventar a roda: a saída é uma intensa mobilização do presidente e de seus ministros. É café-com-leite", diz o relator da reforma administrativa, Moreira Franco (PMDB-RJ).
Para complicar o quadro, o governo enfrenta uma ameaça de rebelião dos aliados caso não sejam liberados recursos do Orçamento para suas bases eleitorais.
A liberação do dinheiro exigido em troca dos votos poderá comprometer ainda mais o equilíbrio das contas públicas.

Texto Anterior: Consumidores lotam shoppings, mas evitam as compras a prazo
Próximo Texto: De arromba; Colisão à vista; Em gestação; Decisão de consenso; Hora da ração; Atração animal; Representação latina; Nova licença; Túnel do tempo; Contrato fechado; Vizinho contaminado; Custos médios; Com gás; No bloco; Casamento indesejado; Importando experiência; Abrindo as portas; Evitar acidentes; Renovando a marca; Perdendo as contas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.