São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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Novatos podem ficar sem time

ROBERTO FONSECA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O esporte brasileiro pode começar a mudar ainda este ano. Está prevista para o dia 26 de novembro a votação do projeto de lei do ministro dos Esportes, Édson Arantes do Nascimento, o Pelé. Entre as propostas de mudança, está o fim do passe no futebol.
O passe é o instrumento que vincula o jogador ao clube e que o impede de negociar livremente sua transferência para outras equipes. Ele não existe em outros esportes, pois os acordos são feitos por meio de contratos.
O projeto que cria o passe livre não prevê um tratamento especial para os jovens talentos do futebol. A "geração 17", campeã mundial em setembro no Egito, pode estar aparecendo nos times profissionais exatamente no momento em que o passe livre entrar em vigor (se o projeto for aprovado, o passe livre passa a valer em dois anos).
Por isso, os atletas (leia texto abaixo) se preocupam com uma possível "síndrome da Lei Áurea". Criada em 1888 para libertar os escravos, ela acabou deixando muitas pessoas sem ter para onde ir. Tornaram-se miseráveis ou viviam de bicos (empregos temporários).
O mesmo pode ocorrer com os jogadores: sem vínculo com o clube, podem perambular em times menores ou ficar sem contrato.
Além dos atletas, dirigentes também se manifestaram contra a medida, alegando que o passe é um atestado para restituir o que o clube gastou na formação do jogador.
O projeto propõe ainda a transformação dos clubes ou departamentos de futebol em sociedades comerciais, a proibição de se criar novos bingos ligados a federações esportivas e a criação de órgãos independentes de arbitragem.

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