São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997 |
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Dupla exaspera platéia
SÉRGIO MARTINS
Virou alvo de garrafas d'água, sanduíches e outros objetos não identificados jogados por espectadores mais ansiosos. Isso não quer dizer que a apresentação deles tenha sido ruim: Andy Bell é um bom cantor (se garante mais do que a desafinada Gwen Stefani, por exemplo) e defendeu seu cachê com raríssima competência (fez questão de agradecer os aplausos miúdos que vinham da frente do palco). Vince Clark pilota sua tralha eletrônica direitinho e a banda é competente. O repertório também não está entre os piores. Uma cover cafona do Abba ("Take a Chance on Me"), antigos sucessos ("A Little Respect", "Love to Hate You") e canções de cabaré ("Oh l'Amour"). Todos foram devidamente martelados pelas rádios no início dos anos 90. É aí que reside o problema. Aquilo até fazia algum significado nos anos 80. Hoje, o som da dupla soa datado. Em tempos de drum'n'bass e Prodigy, não existe mais espaço para essa afetação típica de anedota do Costinha, esse som bate-estaca de som de academia de aeróbica. Causa no máximo risos de constrangimento. O grupo foi também jogado às feras, dividindo espaço entre um público mais roqueiro (os que amaram as apresentações do Catapulta e do Charlie Brown Jr.) e a galera da nostalgia, que suportou Paralamas e No Doubt para se animar com a apresentação de David Bowie. Mais uma vez, é preciso fazer uma seleção mais criteriosa. Se na parte nacional a organização acertou em dar uma força para bandas novas, deve fazer o mesmo com as atrações de fora (nomes não faltam, basta uma pesquisa entre a garotada). E deixar o som do Erasure para algum cabaré enfumaçado... Texto Anterior: Teens saem antes de Bowie Próximo Texto: Rap com pasta de dente Índice |
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