São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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'Gutão' oferece seios de relance à família brasileira

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

A zebra dominical corre na raia da Manchete e, como a filha tropicalista da Chiquita Bacana, se diz "família demais".
Para enfrentar a Globo e o SBT, a rede dos Bloch resolveu lançar mão de uma maratona de programas vespertinos que se agrupam sob o título de "Domingo Milionário" e que pretendem "elevar o nível" da televisão nacional.
Pelo menos é o que a emissora alardeou durante a semana passada, enquanto a imprensa acompanhava as repercussões do sushi erótico de Fausto Silva e da banheira de Gugu Liberato.
Na sexta, a Folha recebeu um fax com uma carta de intenções redigida pela assessoria da Manchete:
"Consciente de que as baixarias que vêm tomando conta de programas como o 'Domingão do Faustão' e o 'Domingo Legal', de Gugu Liberato, estão afrontando os telespectadores, o diretor Homero Salles continua firme em seu propósito de transformar o 'Domingo Milionário' numa atração totalmente familiar."
"Dias atrás, ele reiterou (...) que a programação da Manchete precisa ser diferenciada (...) e, portanto, jamais deverá recorrer a qualquer tipo de apelação barata."
A cruzada edificante da emissora tem como principais pontas-de-lança o cantor romântico Marcelo Augusto e Thunderbird.
A dupla apresenta o "Perdidos na Tarde", um dos três blocos que compõem o "Domingo Milionário". Recheado de gincanas e musicais, o miniprograma poderia se chamar "A Hora do Gutão".
Gutão é o frankenstein que brota da mistura entre Gugu e Faustão. Do primeiro, o "Perdidos" roubou o bom-mocismo (incorporado por Marcelo Augusto) e o diretor (Homero Salles já respondeu pelo "Domingo Legal").
Pela amostra de ontem, o que Gutão tem a oferecer à sagrada família brasileira é:
* Corpos aeróbicos em trajes sumários - Mulheres de biquíni e homens de tanga, lambuzados com gel, travaram uma exótica luta de sumô sobre um colchão d'água. "Que loucura!", repetia Thunderbird. "É o sumô tropical", gritava Marcelo Augusto.
* Seios de relance - Um ou outro "peitinho", para usar uma expressão do programa, pulava dos biquínis escassos em meio à luta.
* Anões - Nunca se viu tantos. O mais desenvolto usava quimono e arbitrava a disputa de sumô.
* Cultura - Os animadores promoviam jogos de pergunta-e-resposta que incluíam questões tão complexas quanto: 'Qual o meio de transporte da bruxa?'
* Dinheiro - Quem participasse do programa, in loco ou pelo telefone, corria o risco de terminar o domingo com o bolso cheio. Entre os prêmios prometidos, cintilava "R$ 1 milhão em barras de ouro".
Resultado: média de 2,5 pontos (200 mil telespectadores) na Grande São Paulo.

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