São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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João Cabral descobriu a poesia de Sevilha

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Nascido em 1920 no Recife, João Cabral de Melo Neto passou metade da vida no exterior, mas diz que gosta mesmo é de seu apartamento na praia do Flamengo, no Rio.
O poeta -que constrói paisagens a partir da linguagem e em cuja obra as viagens e o deslocamento têm enorme importância- é membro da Academia Brasileira de Letras desde 1968 e, em 1989, lançou "Sevilha Andando", livro dedicado a sua mulher, Marly.
Sua poesia, uma das mais importantes da língua portuguesa, muitas vezes se refere ao espaço geográfico-social do Nordeste e, em outras, à Espanha. Mas o poeta maior João Cabral prefere ser chamado de embaixador: "Poeta, no Brasil, tem sentido pejorativo".
Diplomata que nunca esteve nos EUA, o escritor serviu na Espanha e, também, na Inglaterra, França, Suíça, Senegal, Equador, Honduras, Portugal e Paraguai.
"Sevilha Andando" é seu 19º livro de poesias. Sua carreira literária começou com a coletânea de poemas "Pedra do Sono" (1942) e tomou vulto com "O Engenheiro" (1945), que deu origem ao epíteto "Geração de 1945".
E foi como poeta que esse pernambucano orientou as filmagens do documentário "Duas Águas", que será reapresentado pela TV Cultura na quinta, às 23h30.
Fascínio por Sevilha
Produzido com o Canal Sur de Sevilha, "Duas Águas" (nome herdado de uma coletânea de poemas de 1956, que inclui "Morte e Vida Severina") foi gravado no Recife, em Olinda, na Zona da Mata, no Rio e na Espanha -mais especificamente em Barcelona e em Sevilha, sua cidade preferida.
Encantado pela força da personalidade do sevilhano, João Cabral -que se define como triste e melancólico- costuma dizer que "viajar é chegar e ficar".
E foi assim, morando na Espanha como diplomata nos anos 40 e 50, que o escritor adquiriu a "fascinação gratuita pela Andaluzia".
Esse encantamento em ritmo de flamenco se traduz em "Sevilha Andando", que recupera sua memória das velhas ruas da cidade. A obra, de 1989, teve origem quando, diplomata na ativa, o poeta descobriu, no Arquivo das Índias, vários documentos sobre o Brasil.

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