São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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Manaus sai de foco quando tema é foto

Preços das câmeras não justificam a viagem

ANA MARIA GUARIGLIA
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Se você está pensando em comprar equipamentos fotográficos nas lojas da Zona Franca de Manaus, pense em outra alternativa.
O alívio na carga de impostos não é suficiente para combater diversos fatores que desestimulam aquisições mais volumosas.
Em primeiro lugar, é muito difícil encontrar exatamente o modelo de máquina fotográfica que você está procurando, seja ela do tipo reflex (em que você fotografa a imagem exata que vê pelo visor), compacta ou digital.
Equipamentos que utilizam o novo sistema APS -sigla em inglês para sistema avançado de fotografia-, que usa máquinas e filmes especiais e produzem fotos em três formatos, inclusive panorâmicos, também não são fáceis de serem encontrados.
É claro que as vitrinas exibem várias marcas famosas, como Nikon, Canon, Olympus, Kodak, Fuji, Yashica e Polaroid, mas há poucas unidades de cada produto, e nem todos os modelos produzidos por essas empresas estão disponíveis.
Em segundo lugar, você deve levar em conta os preços. A diferença entre o que é cobrado nas lojas da zona franca e os preços praticados em São Paulo fica entre R$ 200 e R$ 300.
Só vale a pena para aqueles que estiverem passeando por Manaus e não forem muito exigentes quanto ao equipamento.
Camelôs
Os novos modelos digitais também não saem em conta. Um exemplo clássico é o preço da popular Kodak DC-25, que custa R$ 750 em Manaus, R$ 600 em São Paulo e cerca de US$ 200 nos Estados Unidos.
Outro problema: para visitar as lojas que oferecem máquinas como essa, você deve andar bastante e ter muita paciência para driblar os camelôs que infestam as ruas e cercam as lojas.
Se você pretende comprar câmeras de formato grande, como Hasselblad e Mamyia, que usam filmes 120 para fotos 6 cm x 6 cm, ou a cobiçada linha da Leica alemã, pode esquecer.
Segundo os vendedores, não há mercado para esses produtos, que são caros e indicados para uso profissional.
Para quem está pensando em montar um laboratório profissional ou mesmo caseiro, as coisas se complicam ainda mais.
A Foto Nascimento, especializada no assunto, tem pouca variedade em artigos como pinças, banheiras para lavagem de filmes, cortadeiras de papel e caixas de papel fotossensível.
Ao preço de R$ 1.095, a Nascimento dispunha de apenas um tipo de ampliador para fotos em cores. Mas não da marca que estava sendo procurada, uma das melhores no mercado.
Alfândega
Os balconistas procuram justificar a pouca variedade alegando que os produtos ainda não teriam sido liberados pela alfândega.
Vale lembrar que em algumas lojas da zona franca existem produtos "refurbished" (recondicionados), conhecidos entre a clientela das lojas do Paraguai.
Embora esse tipo de produto seja mais comum em videocassetes, notebooks, micros, aparelhos de som, é bom ficar de olho.
Antes de ser recondicionado, esse tipo de artigo apresentara defeitos ao ser comprado e foi enviado para a fábrica.
Recondicionado, volta para a loja e é ofertado como novo. Entregue sem a embalagem, o equipamento é vendido por um preço um pouco menor.
Mas, se você está visitando a zona franca e tem um bom equipamento fotográfico, um passeio pode revelar alguns aspectos pictóricos da região.
Para tanto, você tem o inconveniente de enfrentar um causticante calor de 37°C -ou mais- nesta época do ano.

LEIA MAIS sobre a Zona Franca de Manaus à pág. 7-16

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