São Paulo, segunda-feira, 3 de novembro de 1997
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Rei pendura chuteira em St.-Denis

MARIANE COMPARATO
DE PARIS

Os torcedores brasileiros que estarão na França na época da Copa do Mundo (de 10 de junho a 12 de julho do ano que vem) poderão aproveitar para fazer turismo pelas cidades que abrigarão os jogos.
A cidade de St.-Denis, ao norte de Paris, abriga o estádio de France, palco da final da Copa.
É lá também que se encontra uma das mais importantes basílicas da França, a de St.-Denis, onde foram enterrados quase todos os reis do país e coroadas quase todas as rainhas.
São Dionísio foi o primeiro bispo de Paris, aquele que trouxe o cristianismo para a capital, por volta do ano 250. Ele acabou sendo preso e decapitado.
A lenda diz que, uma vez decapitado, são Dionísio se levantou, pegou sua cabeça e começou a escalar uma pequena colina, ajudado por um anjo, até o topo, onde morreu e foi enterrado.
Santa Genoveva -que ali mesmo venceu os hunos, liderados por Átila, no século 5º- mandou construir um santuário no local e deu-lhe o nome do santo. Antes de se tornar uma basílica, St.-Denis já era um mosteiro.
São Dionísio tornou-se o protetor da realeza francesa, e a basílica abrigou o túmulo da maioria dos monarcas franceses.
A basílica guarda também as relíquias -objetos utilizados para a coroação dos reis da França.
O rei Dagoberto, pertencente à primeira dinastia francesa, os merovíngios, reinante nos séculos 5º e 6º, foi o primeiro monarca a ser sepultado na basílica.
No ano de 754, Pepino, o Breve, foi coroado pelo papa, na presença de seus filhos Carlomano e Carlos Magno, futuro imperador romano-germânico e fundador da dinastia dos carolíngios.
A basílica abriga as mais importantes "gisants" -estátuas de mármore deitadas sobre os túmulos que representam os reis em tamanho natural- da escultura funerária.
Rei Henrique 2º
O túmulo do rei Henrique 2º e de sua mulher, Catarina de Médici, é de excepcional beleza. Em forma de templo, o monumento funerário é feito em mármore e bronze.
O monumento atual, com seus 108 metros de comprimento, data do século 12.
Já a efígie de cobre esmaltado de Blanche da França, também do século 12, mostra semelhanças entre ela e o seu cachorro.
Outro importante túmulo é o de Luís 12 e Ana da Bretanha, no qual os monarcas são representados nus, com as faces retratando o estertor da morte. Acima, vestidos, eles parecem contemplar a morte.
Ardor revolucionário
Parte da basílica foi destruída durante a Revolução Francesa, em 1789. Os revolucionários, querendo acabar com a monarquia francesa, desmontaram e destruíram grande parte dos túmulos.
Os corpos profanados foram jogados em valas comuns. Até a Revolução Francesa, 46 reis, 32 rainhas e 63 príncipes e princesas haviam sido enterrados ali.
Durante o período da Restauração, no começo do século 19, a basílica voltou a ser o "cemitério dos reis". Em 1817, o rei Luís 18 mandou guardar na cripta as ossadas recuperadas dos reis e trouxe do cemitério da Madeleine os corpos do rei decapitado Luís 16 e de sua mulher, Maria Antonieta.
O monumento é representativo do segundo período gótico (do final do século 12). É um dos primeiros monumentos com pé-direito alto, graças à técnica de ogiva -o arco não é contínuo, mas "quebrado" no meio.
Dessa maneira, vitrais puderam ser colocados ao redor, o que deu leveza e luz ao coração da basílica. Esses vitrais estão entre os mais antigos da França.
Escavações estão sendo realizadas na cripta, que fica sob o coração da basílica e está parcialmente destruída.

Basílica de St.-Denis - Horário de abertura entre 1º de outubro e 31 de março: das 10h às 17h (segunda a sábado) e das 12h às 17h (domingo). A basílica permanece fechada nos dias 1º de janeiro, 1º de maio, 1º e 11 de novembro e 25 de dezembro
Visitas guiadas: feitas às 11h15 e às 15h, mas é possível visitar a basílica sem o acompanhamento de guias
Preço para visitar os túmulos e a cripta: o equivalente a R$ 5
Informações: (00-33-1) 48-09-83-54
Acesso: pela linha 13 do metrô de Paris, estação St.-Denis-Basilique

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