São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997
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197 presos fogem pela porta da frente em SP

VALÉRIA ROSSI
DA FOLHA VALE

A Cadeia Pública de São José dos Campos (97 km de São Paulo) registrou anteontem à noite a maior fuga em massa de presos do Vale do Paraíba, quando cerca de 197 dos 328 detentos fugiram pelo portão da frente.
O grupo dominou os funcionários de plantão.
A ação durou menos de cinco minutos e começou por volta das 18h30 de anteontem.
Até as 19h de ontem, a polícia havia recapturado 61 foragidos.
Cerca de 170 policiais civis e militares estão participando do trabalho de busca.
Os detentos fugiram em direção ao bairro do Putim e à rodovia dos Tamoios.
Roubos na fuga
Eles arrombaram casas vizinhas à cadeia e roubaram bicicletas e carros próximos ao local.
A polícia não soube informar a quantidade de roubos praticados pelos detentos na região.
Os moradores do Putim estão apavorados e querem a desativação da cadeia.
Eles prometem interditar a rodovia dos Tamoios em protesto pela insegurança do bairro.
Essa foi a quarta fuga da cadeia, sendo a segunda em massa, desde a inauguração em 95.
Na última, ocorrida no final do ano passado, fugiram 189 detentos.
Investigação
A direção da cadeia do Putim vai instaurar processo administrativo para apurar uma possível convivência de funcionários na fuga.
Anteontem, pelo menos três presos estavam armados com revólveres calibre 38 e trocaram tiros com a polícia em frente ao local.
O diretor da cadeia, André Luiz Tarantelli, está levantando como essas armas chegaram dentro da cadeia.
"Não tenho dúvida do envolvimento de algum funcionário", afirmou.
Não houve funcionários feridos no tiroteio. O diretor não soube informar se algum detento foi atingido.
Na semana passada, foram realizadas duas operações "pente-fino" nas celas.
No primeiro dia, a polícia encontrou um revólver calibre 38 em uma das alas.
Na sexta-feira, durante uma revista "surpresa" foram encontrados 30 estiletes improvisados, feitos com pedaços de madeira e barras de ferros.
Celas interditadas
A cadeia do Putim está funcionando com metade da sua capacidade normal, que é de 502 presos.
O local foi praticamente destruído durante uma rebelião e uma fuga, ocorridas no final do ano passado. Atualmente, o local estava com 328 detentos e poderia ter apenas 220. Somente 29, das 64 celas estão funcionando.
O Estado liberou uma verba de R$ 1 milhão para reforma da cadeia, mas o processo de licitação ainda está em tramite.
O delegado regional do Vale do Paraíba, Décio Funari Martins, está pleiteando pelo menos 20 vagas à Coesp (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo).

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