São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997
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FHC pede à equipe para apertar o cinto

Recado foi para ministros que mais gastam

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso abriu a reunião de ontem com um recado aos ministros que mais gastam no governo: é hora de "apertar os cintos". "O interesse maior é o do Brasil, não o interesse eleitoreiro", disse durante o encontro.
Nas duas horas de reunião, oito ministros ouviram FHC repetir as palavras "austeridade" e "corte de gastos", enquanto cada um recebia apenas um cafezinho e dois copos d'água.
FHC usou um argumento prático para convencer os ministros da necessidade dos cortes. Disse, simplesmente, que o governo não pode sustentar o controle do real por muito tempo baseado apenas nos juros estratosféricos fixados na semana passada.
Foi apresentado um diagnóstico da situação brasileira diante da crise que abalou as Bolsas de Valores do mundo todo. Resumindo, FHC disse que a crise ainda não estava superada.
Prestes a terem seus orçamentos cortados, os ministros receberam ainda a orientação de evitar qualquer tipo de crítica à equipe econômica.
Antonio Kandir (Planejamento), também presente, recebeu a incumbência de preparar os cortes. Não se falou em números ou metas. Ao introduzir o assunto, FHC disse que usaria, embora Kandir não quisesse, o termo "austeridade".
Avaliação otimista
Kandir falou depois de FHC, fazendo uma avaliação mais otimista sobre o impacto do crash global sobre a economia brasileira -embora, como FHC, ressalvando que a crise não está debelada. O tema seguinte foram as reformas constitucionais.
Sérgio Motta (Comunicações) pediu a palavra e foi incisivo, como de costume. Disse que o governo precisa evitar a impressão, corrente nos meios políticos e econômicos, de que o governo se empenhou mais para aprovar a emenda que permite a reeleição dos atuais governantes do que as reformas.
Nem todos os ministros foram convidados para a reunião. Fora Kandir e Clóvis Carvalho (Casa Civil), foram selecionados os ministros que ainda estavam insatisfeitos com os limites orçamentários de suas pastas.

Participaram da reunião no Palácio da Alvorada os ministros Antonio Kandir (Planejamento), Clóvis Carvalho (Casa Civil), Sérgio Motta (Comunicações), Carlos Albuquerque (Saúde), Gustavo Krause (Meio Ambiente), Arlindo Porto (Agricultura), Eliseu Padilha (Transportes) e Luiz Carlos Santos (Coordenação Política), além do secretário-executivo do Ministério da Educação, Luciano Patrício.

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