São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997
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Governo prepara corte de despesas que poderá chegar a R$ 12 bilhões

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso passou o dia de ontem em reuniões com seu ministério preparando medidas na área fiscal. Entre essas medidas, deve ser anunciado um corte de gastos de R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões -o equivalente a cerca de 1,4% do PIB (Produto Interno Bruto)- no Orçamento deste ano.
A intenção do governo é mostrar que está agindo para combater o déficit público, apontado como a principal fragilidade da economia brasileira. O objetivo é elevar a confiança no país por parte dos investidores internacionais.
O governo vai cortar do Orçamento "o que for possível cortar", disse ontem o porta-voz da Presidência, Sergio Amaral. Um corte de R$ 10 bilhões no Orçamento já estava previsto antes do início da crise nas Bolsas.
Agora, além de ampliar esse valor, pretende-se reformular também o Orçamento do ano eleitoral de 98, ainda não aprovado pelo Congresso. Outras medidas não estão descartadas.
Depois de reuniões com ministros e políticos durante o dia, FHC se reuniu à noite com o secretário de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, e o economista André Lara Resende, um dos mentores do Real e atualmente assessor do presidente.
Hoje, o ministro Pedro Malan (Fazenda) deve fazer um pronunciamento em cadeia de rádio e TV sobre a crise na economia e a ação do governo.
Amaral disse que "o governo está efetivamente estudando medidas" na área fiscal. "Essa é uma resposta política ao que aconteceu na economia."
As medidas devem ser antecipadas hoje pelo presidente aos líderes dos partidos que apóiam o governo no Congresso. Nessa reunião, também deve ser discutida uma estratégia para acelerar a votação das reformas.
FHC pode apresentar também aos líderes novas mudanças na Constituição que estavam sendo preparadas para o próximo ano, mas que devem ser antecipadas devido à crise das Bolsas que provocou o crash global.
O presidente fez duas reuniões ontem no Palácio da Alvorada para debater o pacote fiscal. Participaram do primeiro encontro, na parte da manhã, FHC, os ministros Clóvis Carvalho (Casa Civil) e Pedro Malan, o secretário-executivo da Fazenda, Pedro Parente, e o presidente do Congresso, Antonio Carlos Magalhães.
ACM disse que o governo e o Congresso produzirão "as soluções de que o país necessita", mas que a discussão ocorre "dentro de um caráter de sigilo".
O presidente do Congresso disse não haver motivo para preocupações por parte da população. "Não sei se o remédio é amargo ou não é amargo; talvez não seja doce, mas não creio que seja tão amargo como está se falando", disse.
"Tudo bem"
À tarde, FHC recebeu no Alvorada oito ministros, incluindo Antonio Kandir (Planejamento), responsável pelo Orçamento. O líder do governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), também esteve presente.
Antes dessa reunião, numa cerimônia em que assinava a homologação de demarcações de terras indígenas, FHC falou rapidamente sobre as reuniões. "O saldo (das reuniões) está aí, nas Bolsas, tudo bem", afirmou o presidente.

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