São Paulo, terça-feira, 4 de novembro de 1997
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No Rio, lojas decidem não alterar as taxas

ISABEL CLEMENTE
DA SUCURSAL DO RIO

Várias lojas de departamento cariocas optaram por começar a semana sem alterar as taxas de juros cobradas no crediário. A cautela atingiu as 26 lojas da Tele-Rio, as 44 da Mesbla e outras redes menores.
A Tele-Rio cobra juros de 5,35% para crediário em 12 vezes. Até cinco parcelas, não há acréscimo. Segundo Fernando Martinho, diretor comercial da rede, nada muda nesta semana. "Está tudo muito confuso ainda e prefiro não fazer prognósticos", disse, sem prever por quanto tempo o esquema será mantido.
A Mesbla segue o mesmo caminho e já está usando o fato como mote de sua campanha publicitária, criada pela DM9/DDB. A campanha chegará à televisão ainda nesta semana, segundo Roberto Dranger, diretor-geral da DM9,99, braço da agência responsável por varejo.
Em anúncios veiculados sábado no Rio, Santos, Belo Horizonte, Salvador, Brasília, Belém, Recife e Fortaleza, a Mesbla já comunicava que não alteraria suas taxas.
"Vamos manter nossas taxas", disse Aníbal Afonso, diretor comercial da empresa. "Não mudamos porque acreditamos que o aumento dos juros básicos da economia é uma medida temporária; não queremos atingir o cliente, pois nossos fornecedores não aumentaram seus preços."
Mas as vendas a prazo, segundo Aníbal, representam a menor parcela da receita total da Mesbla. Metade das vendas é feita à vista.
As 44 lojas da Mesbla no país -das quais seis estão em São Paulo- cobram 5,5% ao mês para parcelar em até três vezes nos cheques pré-datados. No crediário, os juros são de 5% para cinco parcelas e de 7% para dez vezes.
A vitrine da loja Fotomania, especializada em eletroeletrônicos, amanheceu e fechou o dia com a promoção de "sete vezes sem juros", iniciada na semana passada.
A diretoria da Lojas Americanas passou o dia de ontem reunida, tentando definir as novas taxas do crediário. Até o início da noite, nenhuma decisão tinha sido tomada.
Cerca de seis supermercados Casas Sendas, no entanto, já alteraram suas taxas, de 4,5% para 6% ao mês. O crediário, no pré-datado, é bancado pela financeira do Banco Prosper.
Mas, segundo o presidente da empresa, Arthur Sendas, a Credicard, responsável pelo cartão próprio do supermercado, ainda não comunicou nenhuma mudança nos juros do parcelamento do cartão, aceito em 58 supermercados no país.
"É prudente que o varejo não aumente os juros. Essa medida do Banco Central, de aumentar os juros básicos da economia, é como um antibiótico. Confio que seja passageiro", diz.
Sendas, que é presidente da Associação Comercial do Rio de Janeiro, acredita que, em 15 dias, os juros começarão a cair. "Eles já estavam em um patamar altíssimo; o varejo terá que se virar e fazer girar seus estoques."
O "The New York Times" publicou ontem reportagem sobre os principais problemas enfrentados pelos consumidores brasileiros depois do início da crise nas Bolsas de Valores latino-americanas.

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