São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
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Discurso suscita críticas da oposição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao responsabilizar as oposições pela não aprovação das reformas, o presidente Fernando Henrique Cardoso irritou os setores do PT que vinham mantendo um discurso moderado durante a crise.
"Os ouvidos surdos de alguns vêem (sic), em qualquer bom propósito, manobra eleitoral", acusou FHC. O deputado José Genoino (SP) reagiu: "Nós estávamos moderados, porque a crise é do país. Mas se o presidente radicaliza de um lado, nos obriga a radicalizar no outro".
Segundo Genoino, a crise chegou ao Brasil porque "o governo não tomou as medidas preventivas nem chamou o Congresso para discutir alternativas". E acrescentou: "O presidente não está preocupado com a crise, mas fazendo campanha", disse.
Segundo Genoino e o líder petista na Câmara, José Machado (SP), FHC comete até um erro aritmético ao dizer que as reformas administrativa e da Previdência não são aprovadas por causa da oposição.
"O presidente deveria ter a ousadia de dizer que as reformas não andam por incompetência dos líderes governistas. Eles deveriam pedir demissão", disse Machado.
O bloco de oposição -PT, PDT e PC do B- tem 83 deputados. Com as dissidências da base governista e o PSB, os votos contrários ao governo chegam a apenas 108, do total de 513 deputados. Logo, as reformas não passam porque faltam votos governistas.
Machado foi à tribuna da Câmara responder às críticas de FHC. "Há muito nós estamos alertando que o Plano Real é frágil. Nós temos as nossas propostas e não vamos capitular diante da chantagem do governo", afirmou.
Na avaliação petista, FHC só cobrou os votos da oposição para tentar passar a idéia aos investidores estrangeiros de que o governo faz a sua parte no ajuste fiscal, e a oposição é que não ajuda.
Segundo Machado e Genoino, a oposição agora irá mostrar as suas propostas. "Vamos pegar as nossas propostas e discutir com a sociedade", afirmou Genoino. Para o líder do governo na Câmara, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), "até agora, a oposição só disse não, sem apresentar alternativas".

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