São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Governo recua para aprovar reforma

LUIZA DAMÉ; DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo pode recuar e manter o regime jurídico único no texto da reforma administrativa para tentar negociar com a oposição a aprovação da emenda.
A oposição considera que o dispositivo que trata dos direitos e deveres dos servidores permaneceu na Constituição depois da votação em primeiro turno da reforma administrativa.
O relator Moreira Franco (PMDB-RJ), a pedido do governo, decidiu que o dispositivo foi derrubado e o retirou do texto final, que deverá ser votado em segundo turno no dia 12.
A polêmica foi responsável pelo atraso da votação da emenda em segundo turno. O primeiro turno da reforma foi concluído em julho. O governo considera o regime jurídico único uma fonte de privilégios dos servidores.
A disposição de negociar foi motivada pela possibilidade de a oposição recorrer à Justiça e derrubar o arranjo de redação feito no texto final, o que atrasaria ainda mais a reforma. A oposição já anunciou que vai recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Essa é apenas uma das dificuldades enfrentadas pelo governo para aprovar a emenda, que está na Câmara desde agosto de 1995.
O governo não consegue apoio dos parlamentares da própria base, porque a emenda é considerada impopular. Eles temem reflexos negativos nas eleições do próximo ano. A situação da reforma da Previdência é semelhante.
"São propostas complexas, que mexem com interesses diretos dos parlamentares. Em todo o mundo, essas reformas foram demoradas", disse o líder do PMDB, deputado Geddel Vieira Lima (BA).
O governo vai tentar votar hoje o pedido de urgência para o projeto que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Essa votação já foi adiada duas vezes, embora o deputado Eduardo Jorge (PT-SP) tenha dado parecer favorável ao projeto.
A dificuldade de aprovação está na base do governo. Deputados consideram a medida impopular. Além disso, eles não conseguem explicar o fato de o governo ter reduzido investimentos na saúde.
(LUIZA DAMÉ e DENISE MADUEÑO)

Texto Anterior: FHC troca reforma por liberação de verba
Próximo Texto: Discurso suscita críticas da oposição
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.