São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
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Crise complica oferta de ações

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A oferta de ações da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz) aos empregados da empresa deve fracassar. O efeito será o aumento do preço final que terá de ser pago pelo vencedor do leilão de hoje.
O presidente do Clube de Investimentos dos Empregados da CPFL, Vicente Andreu, acredita que os funcionários ficarão com apenas 20% das ações que têm direito a comprar.
A principal razão é a crise que derrubou as Bolsas de Valores de todo o mundo e reduziu a cotação das ações da CPFL.
Com isso, a maioria das ações que estão sendo oferecidas aos empregados tem preço superior à da cotação na Bolsa de Valores, mesmo com desconto.
"A lei determina que o Estado faça uma oferta preferencial aos empregados e isso não está ocorrendo na CPFL", afirma Andreu. Segundo ele, o clube vai iniciar uma ação judicial contra o Estado no dia sete, para contestar os critérios da oferta aos empregados.
Andreu diz que a ação será proposta nessa data para não afetar a realização do leilão hoje.
Deságio
Os funcionários poderão comprar três lotes de ações, que correspondem a 10% das ações ordinárias (com direito a voto) e 10% das preferenciais (sem direito a voto). O primeiro lote tem 4,2% das ações ordinárias (579.003.229 ações) e será vendido com desconto de 40%. Esse é o único lote que deve ser comprado pelos empregados, avalia Andreu.
O preço final será de R$ 134,18 por lote de mil ações. Ontem, a ação da CPFL estava cotada a um valor próximo de R$ 164,00.
Nos outros dois lotes o valor oferecido aos empregados é maior que o registrado em Bolsa.
O segundo lote de ordinárias (5,8%, ou 797.040.292 de ações) terá 20% de desconto. Com isso, o preço será de R$ 178,90. As preferenciais serão vendidas a R$ 171,92 o lote de mil ações.
Vencedor
A principal dificuldade dos empregados é a obtenção de financiamento para comprar as ações que estão mais caras que em Bolsa. Como as ações são as garantias do empréstimo, o banco receberia um bem por valor que não corresponde à avaliação de mercado.
As ações que não forem compradas pelos empregados terão de ser adquiridas pelo vencedor do leilão, sem qualquer desconto.
A parcela da CPFL que será vendida está avaliada em R$ 2,092 bilhões. Desse valor, R$ 1,77 bilhão serão leiloados hoje. O restante -R$ 320 milhões- corresponde à oferta aos empregados.
Andreu acredita que os funcionários ficarão com apenas R$ 50 milhões. Os outros R$ 270 milhões terão de ser comprados pelo vencedor do leilão de hoje.

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