São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Meta é preservar reeleição

VALDO CRUZ
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso fez questão de dizer na reunião no Palácio do Planalto que seu governo toma medidas sem se preocupar com seus efeitos eleitorais. Citou duas medidas: o salto nas taxas de juros e o corte de gastos que está para ser anunciado.
São realmente medidas impopulares. Mexem com o bolso dos eleitores e reduzem o nível de investimento, afetando o crescimento do país.
Só que, sem essas medidas, o Plano Real dificilmente sobreviveria. E, sem o real, FHC daria adeus a um segundo mandato. Ou seja, seria ainda pior para o presidente-candidato não tomar a medida impopular. Ficaria sem o seu principal cabo eleitoral, a estabilidade.
O que sinalizará se esse governo toma medidas sem pensar nos efeitos eleitorais é a disposição ou não de ajustar de vez as contas públicas. O governo pode, mais uma vez, ficar apenas no discurso. Divulgar que cortará bilhões em gastos e não cumprir a promessa.
Nesse caso, ele estaria fazendo outra aposta: de que até as eleições não acontecerá um ataque de verdade contra o real. Era nisso que o governo vinha apostando, até ser obrigado a dobrar os juros.

Texto Anterior: FHC justifica medidas 'duras' e critica oposição
Próximo Texto: Petistas criticam declarações
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.