São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
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Corte de energia vai atingir 10 mi em SP

ANDRÉ LOZANO
PRISCILA LAMBERT

ANDRÉ LOZANO; PRISCILA LAMBERT
DA REPORTAGEM LOCAL

A falta de luz atingiu universidades e comércios, que tiveram de improvisar para atender os clientes

Pelo menos 10 milhões de paulistas deverão ser atingidos com a falta de luz em algum momento dos cinco dias previstos para a normalização do fornecimento de energia elétrica em três regiões do país.
O fornecimento de energia no Sul, Sudeste e Centro-Oeste foi prejudicado, no último domingo, em razão da queda de dez torres de transmissão entre duas subestações elétricas de Foz do Iguaçu, no Paraná.
A falta de energia em São Paulo, entretanto, não afetará igualmente todos os habitantes.
Aqueles que moram no centro expandido de São Paulo, em bairros próximos a hospitais, grandes avenidas ou a redes ferroviárias, por exemplo, serão poupados do transtorno da falta de luz.
No entanto, os moradores das regiões mais periféricas ou de menor densidade demográfica poderão ser atingidos mais de uma vez pelo corte. As interrupções não devem passar de duas horas, segundo a Eletropaulo.
"Foi o critério usado, o de evitar corte de energia em locais essenciais, como hospitais. Infelizmente, a interrupção de energia elétrica reincidirá em locais com menos infra-estrutura", afirmou o diretor de transmissão e geração da Cesp (Companhia Energética de São Paulo), Mauro Arce.
Casos
Em São Bernardo do Campo (Grande SP), o corte de energia elétrica atingiu, anteontem, a Umesp (Universidade Metodista de São Paulo), que dispensou alunos, professores e funcionários. A luz se apagou por volta das 19h20, dez minutos antes do início das aulas, e só voltou 20h30.
Já os prestadores de serviço, quando estão no escuro, se viram como podem. O salão de cabeleireiro Ramos, na rua Canuto Saraiva, na Mooca (zona sudeste), ainda atendia clientes às 20h30, quando as luzes se apagaram.
"Meu irmão estava cortando o cabelo de um cliente e a única saída foi manobrar o carro para iluminar o salão com o farol. Deu para terminar. Só não sei como ficou o resultado", brinca o cabeleireiro Manoel Dias Ramos Neto, 26.
No entanto, a falta de energia elétrica foi motivo de festa em pelo menos duas ruas da cidade de São Paulo. Na rua Guaratinguetá, na Mooca, e na avenida Parada Pinto, na Vila Nova Cachoeirinha (zona norte), moradores foram para o portão de suas casas assim que a luz se apagou.
"As crianças, que têm medo do escuro, tomaram conta da rua e ficaram brincando, jogando bola, enquanto nós colocávamos os assuntos em dia com os vizinhos sob a luz do luar", disse a auxiliar de escrita fiscal Elaine Rocha.

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