São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997 |
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Vereador garante barraca a clandestinos
ROGÉRIO PANDA; ROBERTO COSSO
Ao ser informado de que um camelô havia negociado na Regional da Penha para conseguir trabalhar, ele disse: "Fala para ele me procurar aqui. Estou no 4º andar. Manda ele me procurar que ninguém vai encher o saco dele e ele vai trabalhar sossegado." Depois de inúmeras denúncias, a reportagem foi à Regional da Penha e pediu para falar com a funcionária Tânia de Paula. O repórter teve que apresentar o RG, preencher ficha com dados pessoais e foi encaminhado à assessoria de gabinete do administrador. Identificando-se como desempregado, pediu permissão para vender cachorro-quente na região. Ela sugeriu a venda de sorvete, dizendo que seria muito mais lucrativa, chamou um fiscal identificado como Sílvio e pediu a ele que arrumasse um local para o repórter-camelô se instalar. Na primeira tentativa, por telefone, Sílvio disse que o repórter poderia fixar o ponto na praça Frei Albino Aresi, ao lado de uma banca de frutas. "Faz um teste que depois eu passo lá." Como o repórter insistiu para saber qual seria a propina, Sílvio disse que "ninguém paga nada para trabalhar". Na segunda tentativa, realizada na última quinta-feira, 30 de outubro, Sílvio se dispôs a vender um ponto para uma barraca de eletroeletrônicos da praça 8 de Setembro, por R$ 1.000 de "luvas" e R$ 30 por semana. Além dele, participaram da negociação mais dois fiscais: Marcos Antonio Gonçalves e outro, identificado apenas como Jorge. Após menos de dez minutos de conversa na sala de apreensões da regional, Gonçalves e Jorge convidaram o repórter para procurar um ponto na região. Os três entraram no Palio azul de Gonçalves que, segundo ele, foi comprado "na concessionária do 'patrão', o vereador Vicente (Viscome)", em Mogi Mirim (157 km de SP). Os fiscais foram direto para a praça 8 de Setembro, principal ponto comercial da Penha. O local já está lotado de camelôs, a maioria vendendo comida. Gonçalves avisa que "tem a luva (de R$ 1.000) e o semanal, que é R$ 30", e que o pagamento da propina ocorre todas as sextas-feiras. Questionado sobre quando o camelô poderia começar a trabalhar, Jorge disse: "Se você pagar agora, pode começar agora de tarde". Gonçalves disse ainda ao repórter-camelô que não havia risco de o rapa apreender a mercadoria. "A gente tem uns 'canalzinhos' lá dentro (da regional) com o secretário (da SAR), e eles (a secretaria) acabam comunicando a gente de quando vai ter a bagunça (apreensão)." (RP e RC) Texto Anterior: 32 cidades de MT e MS são afetadas Próximo Texto: Eu limpo a área, afirma Viscome Índice |
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