São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
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PM acusado de assassinar a irmã vai a júri

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O 2º Tribunal do Júri resolveu mandar a julgamento o ex-soldado da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) João José Gonçalves Serrão, 33, sob a acusação de ele ter mandado matar a irmã Maria Filomena Gonçalves Serrão, 37, por causa de uma herança.
Maria Filomena cursava o 2º ano de direito na FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) em São Paulo. Ela havia sido casada com o fiscal de rendas Hans Thiel Filho, que morrera e deixara-lhe bens, segundo a polícia, avaliados em mais de US$ 1 milhão.
O crime aconteceu em 24 de novembro de 1994 na zona norte de São Paulo. Para matá-la, o réu teria contratado o informante policial Rubens Luís Amadeu, 29, e um outro criminoso que, segundo o Ministério Público, é o soldado da PM Eudes Aparecido Menezes, 32.
Amadeu também será julgado pelo crime. Menezes foi impronunciado pelo tribunal -quando a Justiça decide não mandar a júri um acusado de homicídio. O promotor Orides Boiati recorreu da impronúncia do soldado, que alega inocência como os outros réus.
Segundo a acusação, João Serrão e a irmã não se davam bem. No dia do crime, ela saiu da faculdade com uma amiga, sua vizinha. Elas desceram de um ônibus na avenida Conselheiro Moreira de Barros, no Imirim. Em seguida, entraram na rua Dr. Gabriel Nicolau.
Uma motocicleta com dois homens que estava parada embaixo de uma árvore alcançou lentamente a estudante e emparelhou com Maria Filomena quando ela se preparava para entrar em casa.
Os assassinos estavam com capacetes. O da garupa sacou uma pistola e fez dois disparos. Errou um e acertou o outro na cabeça da estudante. Em seguida, fugiram.
Segundo a Divisão de Homicídios, para acobertar a sua participação na morte, João Serrão tentou incriminar um ex-namorado de Maria Filomena.
A polícia chegou ao irmão da estudante por meio do depoimento de Silas Valdemar Lino. Principal testemunha do caso, ele foi assassinado quase um ano depois.
Lino disse que Amadeu o convidara para ajudá-lo a matá-la e que, depois, lhe contara que o irmão fora o mandante e que Menezes participara da execução do crime.
Menezes negou ser um dos assassinos, mas disse que João Serrão havia mandado matar a irmã. Na sua versão, o irmão contratou dois PMs que trabalhavam no 18º Batalhão para matar a estudante.
Após o assassinato, os bens da estudante passaram para a mãe que, idosa, deixava o filho João Serrão usufruí-los. Segundo o delegado Américo dos Santos Neto, o irmão devia cerca de R$ 5.000 para a vítima. João Serrão e Amadeu tiveram a prisão decretada e aguardam o julgamento presos.

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