São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
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Só falta agora a Vera Loyola virar condessa

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Você leu, ó atento leitor, a entrevista com a tal da rainha dos emergentes cariocas, a Vera Loyola? Ainda bem que me certifiquei de que se tratava da edição da "Veja" desta semana, senão estaria até agora sob a ilusão de que entrevista foi realizada em Roma, nos anos da "dolce vita".
Peituda a Vera, hein? Diz ela que o negócio é aparecer em coluna social. Pois ela deveria contar isso a todos os membros da elite tapuia, que, de fato, são donos da cocada preta. Sim, porque toda vez que você vai entrevistar alguém da elite, mas elite mesmo, ele vem com aquela conversa mole de que os tempos mudaram, de que não fica bem aparecer e acaba confessando que morre de medo de sequestro.
Mas a Vera, não. E olha que ela não é nenhuma Carmen Mayrink Veiga, a deslumbrante socialite, que nem mesmo um sequestrador português ia querer levar, a não ser que fosse para zerar o QI antes de voltar a Portugal.
A Vera tem rede de padarias e motel, ou seja, o mesmo tipo de negócio que os ricaços da av. Paulista de outrora admitiam ter antes de conceder a si mesmos títulos de conde.
Diz a Vera que artistas de teatro vêem nela a "concretização do sonho de chegar lá". Sendo que "lá" é a coluna social. Vamos ver se eu entendi: poderoso gosta de sair no Painel Econômico e na entrevista de bico-de-pena da capa da "Gazeta Mercantil". E emergente gosta de ter a foto publicada na coluna social. É isso?
Pois a Vera não sabe, mas coluna social, do jeito que ela concebe, não existe mais.
Foi-se com meu querido Zé Tavares de Miranda, que me viu nascer, crescer e virar jornalista e a quem eu chamava carinhosamente de Tarado de Varanda -a Ana Tavares, sua filha e assessora de imprensa do presidente Fernando Henrique, está aí que não me deixa mentir.
Zé Tavares era leitura obrigatória. Refiro-me à época em que os ricos das novelas não ditavam moda e em que não existia sequer a revista "Cláudia" para ensinar a mulherada a botar a mesa ou a vestir o modelo certo para a ocasião.
Na entrevista, Vera afirma também que seu telefone não pára de tocar: "Querem saber o que acho dos políticos, da Carla Perez, da bolsa". Carência de mito é mesmo fogo na roupa. Pela graça de Deus, o Pelé e o João Cabral de Melo Neto ainda estão firmes e fortes.

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