São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
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Telebrás vale US$ 26 bi

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O terremoto que sacudiu as Bolsas de Valores não abalou a convicção do mercado financeiro de que a privatização do Sistema Telebrás será um dos maiores negócios do mundo em 1998 e que deve gerar um caixa para o governo de no mínimo US$ 26 bilhões.
Segundo as instituições financeiras, se a privatização da Telebrás fosse hoje, as ações com direito a voto nas mãos do governo valeriam pelo menos R$ 326,00 o lote de mil, embora estejam cotadas a um terço desse valor nas Bolsas.
No auge da crise, o valor de mercado da Telebrás -medido pela cotação de suas ações em Bolsa- despencou para R$ 35,27 bilhões. Na tarde de ontem, com a alta dos últimos pregões, já havia recuperado parte do terreno perdido e estava em R$ 37 bilhões. Mas continua longe dos R$ 55,86 bilhões de julho.
Maria Amália Coutrim, diretora do banco Opportunity, diz que o governo pode vir a faturar bem mais do que US$ 26 bilhões com a venda do controle da Telebrás, pois algumas instituições internacionais avaliam que ela vale mais de US$ 100 bilhões. A União tem apenas 20,45% do capital total da Telebrás. A executiva do Opportunity diz que a alta dos juros vai diminuir o ágio nos leilões.
Pelo cronograma do Ministério das Comunicações, a Telebrás será privatizada no final de junho de 1998, ao mesmo tempo em que serão vendidas concessões para a entrada de novos competidores no mercado.
O ministro Sérgio Motta se refere às subsidiárias da Telebrás como as "minas do rei Salomão", em alusão ao seu rico patrimônio. Só nos últimos três anos, investiram US$ 21 bilhões.
Jurgen Urbanski, especialista em telecomunicações da A. T. Kearney (uma das mais conceituadas consultorias dos EUA), diz que os interessados na compra das telefônicas estatais são grandes operadoras mundiais de telefonia, que vêem a privatização como estratégia de ocupação de mercado, e não como simples investimento financeiro.
Para Urbanski, as grandes operadoras de telefonia -como os grupos Stet, da Itália, e Telefônica da Espanha- formarão consórcios com grupos nacionais e investidores internacionais.
"A alta dos juros deve diminuir o crescimento da economia e atrair os investidores para as aplicações de renda fixa. As telefônicas, no entanto, terão interesse especial até para os especuladores, porque a procura por serviços telefônicos é imune à recessão", acrescenta o consultor.
Pouco antes do início da crise nas Bolsas, o Ministério das Comunicações divulgou que vai transformar as 28 subsidiárias da Telebrás -27 telefônicas e a Embratel- em 13 empresas para a privatização.
Os analistas lembram que a Telebrás está entre as dez ações mais negociadas na Bolsa de Nova York e afirmam que as ações das 13 empresas que irão sucedê-la não terão a mesma liquidez. Segundo eles, a Petrobrás irá substituir a Telebrás no papel de vedete das Bolsas.

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