São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
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'Privatização está em ritmo adequado'

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

As privatizações estão em ritmo adequado e, mesmo com a crise das Bolsas, não há espaço para reduzir ou aumentar o ritmo do programa sem causar problemas para o país.
A conclusão é da economista Elena Landau, ex-diretora do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a área de privatizações e diretora do banco Opportunity.
A análise de Landau reforça a tese do presidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça de Barros, que defende a manutenção do ritmo das vendas de estatais, mesmo que haja redução dos ágios (valores acima dos preços mínimos) por conta da crise.
A entrada de recursos externos pela via das privatizações se transformou na principal âncora para o Real enfrentar a necessidade de financiamento do crescente déficit em conta corrente (entradas menos saídas de dinheiro) do país -4,3% do PIB, ou US$ 35 bilhões.
As estimativas do mercado e do próprio governo indicavam, antes da crise da semana passada, que o país iria faturar cerca de US$ 60 bilhões até 1999 com a vendas de empresas federais e estaduais.
Outra projeção, do Citibank, indicava que até 2000 as privatizações gerariam US$ 90,9 bilhões ao país. Ainda não foi divulgada nenhuma correção dessas projeções.
Para Landau, não há como se ter uma medida de quanto a arrecadação será reduzida após a crise.
Segundo ela, nem mesmo o leilão da CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), marcado para hoje, funcionará como teste para definir novos parâmetros de receita.
Landau disse que o preço mínimo da empresa já é muito alto (R$ 1,77 bilhão) e que ela nunca acreditou no ágio próximo a 100% que chegou a ser cogitado na euforia que se seguiu aos leilões das duas partes em que foi dividida a gaúcha CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica).
Em linhas gerais, o Brasil tem hoje a privatizar todo o setor de telecomunicações, composto pela Embratel e as 27 subsidiárias estaduais da Telebrás, e o setor federal de geração de energia elétrica, mais quase todas as empresas distribuidoras de energia elétrica estaduais.
Há ainda o banco Meridional (federal), a Fepasa (Ferrovias Paulistas S/A) e várias empresas ou unidades estaduais e federais de outras áreas, como saneamento básico, transportes, portos e outros setores.

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