São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
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Efeito negativo dos juros será maior do que em 1995, diz CNI

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgou documento em que avalia que os efeitos negativos do aumento dos juros podem ser superiores aos da retração econômica de 1995.
No Informe Conjuntural, divulgado ontem, a entidade avalia que "os impactos da medida tendem a ser mais agudos". Isso porque, segundo os empresários, a economia brasileira registrava um cenário diferente quando houve o primeiro choque de juros do real.
Em março de 95, o aumento da taxa de juros não foi tão acentuado como agora. Os juros subiram de 3,25% para 4,26% ao mês. Na semana passada, o governo anunciou o aumento da TBC de 1,58% ao mês para 3,05%, o que representa quase o dobro.
"É consenso que a economia não suporta taxas de juros dessa magnitude por muito tempo", conclui o documento.
Para a CNI, a consequência imediata da recessão é o enfraquecimento do mercado de trabalho em geral, já que o consumo interno será reduzido. Por causa disso, os empresários esperam que o governo reavalie as medidas adotadas.
Eles reconhecem, porém, que a queda dos juros será insuficiente para recompor às condições existentes antes da crise das Bolsas.
Mas a entidade elogia a atitude do governo. "Foi especialmente relevante para a credibilidade do Plano Real o fato de que o governo foi capaz de adotar uma medida de cunho impopular às vésperas de um ano eleitoral."
Privatização
A CNI avalia que o programa de privatização do governo federal será afetado negativamente com redução do ágio médio da venda das estatais por causa do aumento do custo de financiamento.
Para combater esses efeitos e evitar uma nova onda especulativa, os empresários sugerem que o governo torne mais rígida a política fiscal. No Informe Conjuntural, a CNI justifica que há espaço para cortes nos gastos públicos.
Os empresários pedem a criação de incentivos "amplos e significativos" para as exportações.
Os indicadores industriais mostram que as vendas em São Paulo caíram 1% no último trimestre, em relação ao anterior, e as horas trabalhadas sofreram também queda de 1,9% no mesmo período.

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