São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
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Bolsa já acumula alta de 15,8% desde o choque dos juros do BC

VANESSA ADACHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Bolsa de Valores de São Paulo viveu ontem o que os operadores de mercado chamaram de o dia mais tranquilo desde a crise da semana passada.
O Ibovespa, principal índice do pregão paulista, subiu 4,01%. Foi o terceiro dia de recuperação.
Com isso, a valorização acumulada desde a última quinta-feira, quando o governo dobrou as taxas de juro para tentar brecar a saída de recursos estrangeiros do país, chegou a 15,8%.
Entre os dias 23 e 31 de outubro, período que durou a turbulência nos mercados brasileiros, a Bovespa havia registrado queda de 31%.
Ou seja, as empresas que compõem o índice haviam perdido, em média, 31% do seu valor de mercado no curto espaço de oito dias.
Com a recuperação dos últimos pregões, as perdas foram reduzidas para 20,8%.
Embora esses cálculos possam dar a impressão de uma mudança de rumo do mercado acionário brasileiro, a recuperação ainda é vista com cautela.
O leilão de privatização da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), hoje, deverá ser um sinal mais firme para o mercado.
Se a venda for bem-sucedida, espera-se que a Bolsa retome o humor mais otimista. Caso contrário, o pesadelo pode voltar.
Como o leilão ocorrerá antes da abertura do pregão, os negócios terão início já sob influência do resultado da privatização.
Ontem, as expectativas eram otimistas, depois que quatro grandes grupos apresentaram garantias para participar do leilão.
A expectativa de ágio na venda girava em torno de 20% a 30%, o que ajudou na alta da Bolsa.
Apesar disso, as ações ordinárias (com direito a voto) da CPFL caíram 2,6%, fechando cotadas a R$ 162,99.
O movimento não assustou porque o que estará em questão no leilão de hoje é o quanto os investidores estão dispostos a pagar a título de "pedágio" para assumir o controle da companhia.
As notícias de que o governo estuda um profundo corte nos gastos públicos e que pretende acelerar as reformas também continuaram repercutindo positivamente, embora nenhuma medida concreta tenha sido anunciada.
Observadores mais críticos da alta registrada nos últimos dias ainda citavam a presença dos chamados "chapa-branca".
A expressão é usada para definir as instituições ligadas ao governo, como fundos de pensão de estatais, que são orientadas a entrar comprando para reduzir o impacto da crise.

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