São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
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Indústria de alimentos pode ganhar com choque monetário

MAURICIO ESPOSITO
SÉRGIO LÍRIO

MAURICIO ESPOSITO; SÉRGIO LÍRIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Nem todo mundo espera sair perdendo com o choque monetário anunciado na semana passada.
Enquanto a maior parte da indústria prefere aguardar o desempenho das vendas no varejo para redefinir suas estratégias de final de ano, os fabricantes de alimentos enxergam chances de capitalizar o aumento dos juros.
A expectativa do setor é que ocorra o que os economistas chamam de "efeito substituição": com o maior custo nas compras financiadas (eletroeletrônicos e veículos), os consumidores acabam desviando parte da renda para o consumo de alimentos.
"As chances são de que o consumo de produtos com alto valor agregado se desloque para os itens mais baratos, como alimentos e têxteis", avaliou Vladimir Furtado, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo.
O presidente do conselho de administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, também acha que o setor pode ser beneficiado.
Segundo ele, o aumento do consumo, que atinge seu pico no final de ano, pode anular os efeitos da alta de juros sobre o setor de alimentos, que fabrica produtos com valor unitário menor. "É possível que os consumidores voltem a comprar mais bens não-duráveis."
A mesma avaliação é compartilhada pela Ceval, outra grande empresa do setor. "A alta dos juros afeta mais a demanda de produtos duráveis e semiduráveis", disse John Freshel, da divisão de produtos de consumo.
O "efeito substituição" pode beneficiar outros setores. A Dixie Toga, fabricante de embalagens, por exemplo, ainda aposta em um crescimento de até 4% neste ano. Segundo Walter Schalka, diretor-executivo da empresa, a queda nas encomendas de embalagens para bens duráveis deve ser compensada pelo crescimento nas da indústria de alimentos.
Ainda é cedo
Mas o presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados), Omar Assaf, não está tão otimista quanto os industriais.
Assaf estima que as vendas no final de ano devem permanecer estáveis, com ligeira tendência de queda em relação a 96.
"Antes do aumento dos juros, a capacidade de consumo já estava limitada", afirmou.

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