São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997
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Consumidor confuso adia as compras de imóveis novos

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de imóveis novos está praticamente paralisado desde a sexta-feira, quando o governo dobrou os juros básicos da economia.
Construtoras informam que não mexeram nos juros e nem nos indexadores dos contratos. Mesmo assim, assustado, o consumidor decidiu adiar as compras.
As construtoras que financiam diretamente o imóvel ao consumidor informam que os juros incidentes nos contratos continuam de 12% ano. E o indexador -em muitos casos é usado o INCC (Índice Nacional do Custo da Construção), também não mudou.
"Passamos por uma forte turbulência. Evidentemente o comprador e o vendedor ficaram com receio", diz Ricardo Yazbek, presidente do Secovi (Sindicato da Habitação), para explicar a parada dos negócios. Para Rogério Santos, gerente-geral de marketing da Cyrela Empreendimentos, o mercado de imóveis novos já estava desaquecido desde a crise da Encol.
Com a queda da Bolsa e, depois, com o choque monetário, diz ele, as vendas caíram mais 50%. A construtora vendeu dez imóveis na semana passada. Na semana anterior havia comercializado 15.
Segundo ele, mesmo que o consumidor tenha entendido que os juros -de 12% ano ano- não mudaram na compra financiada pela construtora, ele acabou preferindo colocar o dinheiro na poupança, pois o seu indexador, a TR (Taxa Referencial), dobrou.
A Company Tecnologia de Construções informa que o mercado de imóveis novos está mais fraco desde quarta-feira passada. No final de semana, a construtora comercializou 18 unidades. Normalmente fecha de 24 a 25 negócios. Para Walter Lafemina, presidente da Company, essa parada no mercado de imóveis é temporária e deve demorar mais 15 dias, no máximo. "O imóvel pode perder liquidez, mas não perde valor.", declarou Lafemina.
A construtora Lider acredita que essa é a explicação pelo fato de a sua venda no final de semana -oito imóveis- ter sido a mesma do anterior, informa Guilherme França, gerente comercial.
A. Rossato, gerente comercial da Marques Godoi Construtora, considera que a maioria dos consumidores está mal informada, o que teria provocado queda de 30% nas suas vendas no fim-de-semana.

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