São Paulo, quarta-feira, 5 de novembro de 1997 |
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O novo modelo de associação
LUÍS NASSIF Principal instrumento de lobby da indústria nacional, dos anos 50 aos 80, a Abdib (ex-Associação Brasileira da Indústria de Base) mudou. Hoje em dia, provavelmente, tornou-se a instituição que representa mais de perto o que se espera de uma moderna associação de classe.A Abdib foi criada em 1955, logo depois da constituição da Petrobrás e do anúncio do Plano de Metas do governo JK. No governo Geisel, foi a todo-poderosa representante do mais influente grupo de empresários nacionais. Marcou época, também, por liderar o processo de defesa das liberdades democráticas no meio empresarial. Depois, perdeu o pé com a grande crise dos anos 80 e com a abertura da economia. Reciclou-se e há três anos deu início ao seu "aggiornamento". O primeiro passo foi trazer para dentro da entidade as multinacionais. O atual presidente é José Augusto Marques, da Asea Brown Bovery (AAB). Depois, os grandes consumidores, incluindo estatais como Petrobrás e Eletrobrás. Alterou-se a denominação para Associação Brasileira da Infra-estrutura e Indústria de Base. E mudou-se a forma de fazer política. Em vez de valorizar os lobistas convencionais, conhecedores de gabinetes ministeriais, e opinar sobre o chamado "similar nacional" (processo pelo qual a empresa podia proibir qualquer importação de produto que pudesse ser fabricado no Brasil) a Abdib tornou-se um fórum de discussões gerais e passou a municiar autoridades do Executivo e Legislativo com estudos e projetos de país. Com corpo tão amplo de associados, passou a refletir posições comuns a quem produz, investe, constrói e consome. O modelo no qual a Abdib procurou se basear foi a Sercobe, espanhola. Trata-se de uma agência privada, que congrega diversos setores, e que tem como missão identificar oportunidades de investimento, viabilizar investimentos no setor e organizar a ações dos seus associados. Enfim, o trabalho e uma agência de desenvolvimento. A lógica é simples: se o Brasil cresce, o setor será o principal beneficiário do crescimento. Logo, o papel adequado é ajudar a pensar o modelo que mais facilite o processo de desenvolvimento. O "business" compete a cada empresa. Nesse modelo, a geração de informações consistentes é fundamental. Por meio do Projeto Infra, a Abdib logrou identificar 1.001 projetos de investimento no país para os próximos quatro anos, significando recursos da ordem de US$ 150 bilhões. No recente debate sobre a nova lei de petróleo e gás, a Abdib reuniu informações sobre a legislação de 120 países, e a colocou à disposição das autoridades do Executivo e do Congresso. Em suma, é um exemplo de que o modelo de associação empresarial defendido pela coluna recentemente já começa a ser aplicado pelas associações de ponta. Modelo alemão Pesquisador brasileiro, com bolsa do CNPq, Hermílio Pereira dos Santos está concluindo tese de doutorado na Universidade Livre de Berlim, sobre o papel das associações de classe nas políticas industriais nacionais. Em seu estudo, investigou as políticas industriais dos governos alemão e japonês para o setor automobilístico. Ao contrário do que imaginava, diz Hermílio, encontrou uma participação que em nada se parece com o lobismo, tal qual feito no Brasil. Esses setores participam de forma positiva e decisiva, sobretudo na Alemanha, onde são capazes de combinar eficiência e transparência no processo. O mesmo ocorre no Japão. Telefone indiscreto Nada a ver, mas não deixa de ser engraçado. O telefone da Máxima, empresa que coordenou a formatação da privatização da CPFL, é 271-7171 E-mail: lnassif@uol.com.br Texto Anterior: Previdência, desenvolvimento e justiça social Próximo Texto: Poupança do dia 3 vai render 2,42% Índice |
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