São Paulo, quinta-feira, 6 de novembro de 1997
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Seguranças que estavam na USP domingo depõem

Depoimentos não haviam terminado até as 19h de ontem

OTÁVIO CABRAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Os seguranças da USP que trabalharam no domingo, dia do desaparecimento do estudante Daniel Pereira de Araújo, prestaram depoimento ontem à tarde no 93º DP (Jaguaré), que apura a morte.
Eles não quiseram dar entrevistas quando chegaram à delegacia. Mas, segundo a polícia, eles negam que tenham participação na morte de Daniel e no suposto espancamento de outros seis garotos.
No domingo, segundo Ruy de Campos Pereira da Silva, assessor da prefeitura da Cidade Universitária, havia 15 seguranças trabalhando na universidade. Seis deles estavam em postos fixos, por isso não poderiam estar envolvidos no caso. Os outros nove, que fazem ronda de moto pelo campus, foram interrogados ontem.
Todos os guardas universitários são funcionários da USP. Apenas os vigilantes que ficam no interior das unidades são terceirizados.
Segundo o delegado Francisco Basile, seis dos seguranças afirmaram não ter tomado conhecimento de qualquer ocorrência fora da rotina no domingo.
Os outros três disseram que alguns garotos foram repreendidos por estarem nadando na raia olímpica e saíram da universidade pulando o muro que separa a raia da marginal Pinheiros.
Todos negaram ter espancado os seis garotos que os acusam. Eles também negam ter visto Daniel se afogando. Até as 19h30 de ontem, os depoimentos não haviam terminado. Os nomes dos seguranças também não haviam sido divulgados pela polícia.
Ruy de Campos Pereira da Silva, que também prestou depoimento, falou em nome dos seguranças.
Ele não acredita que os guardas estejam envolvidos na morte. "Seria o primeiro caso de violência envolvendo seguranças em 12 anos que estou na USP", declarou. Ele disse ainda que, no domingo, várias pessoas foram retiradas da raia. "Uma criança passou mal, começou a se afogar e foi socorrida pela guarda e levada ao hospital, mas isso ninguém comenta."
O delegado Francisco Basile, que comanda o inquérito, acredita que alguns dos seguranças cometeram pelo menos espancamento e omissão de socorro. "Os seis menores são firmes e nem um pouco contraditórios nos depoimentos. Esse segurança que estava seguindo o Daniel de moto no mínimo viu quando ele caiu na água e não o socorreu. Isso se ele realmente morreu afogado, o que ainda não é certo", declarou Basile.
(OC)

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