São Paulo, quinta-feira, 6 de novembro de 1997
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Rebelião na Febem acaba em fuga de 150

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma rebelião de adolescentes da Febem Imigrantes (zona sul de São Paulo) iniciada ontem à tarde foi controlada por volta das 23h de ontem. Nessa hora, todos os focos de incêndio haviam sido controlados. Os internos colocaram fogo em colchões e dominaram quase toda a área da unidade.
Cerca de 150 adolescentes fugiram, dos quais cerca de cem haviam sido recapturados pela PM.
Por volta das 23h, 200 adolescentes começaram a ser transferidos para outra unidade da Febem e para o SOS Criança, segundo o presidente da Febem, Eduardo Roberto Domingues da Silva.
A revolta começou às 16h, na unidade 6, que é de acolhimento provisório. Ela abrigava 450 adolescentes, todos infratores, que esperam uma decisão judicial para saber de permanecem internados na Febem ou se serão soltos.
Os internos subiram no telhado da unidade, em protesto contra a superlotação. O prédio tem capacidade para 180 adolescentes.
Durante o motim, a direção da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor) mantinha sob controle apenas 300 adolescentes dos 1.350 internos da unidade. Pelo menos 200 policiais estavam no local.
Para fugir, os internos precisavam escalar um alambrado que tem somente 2 m de altura.
A PM cercou o local, onde existem oito unidades. Duas ficaram depredadas e serão interditadas.
Às 17h30, o Corpo de Bombeiros tentou apagar o fogo da unidade 6, mas foi impedido pelas ameaças dos adolescentes, que estavam com pedras e paus.
Por volta das 19h, o presidente da Febem pediu ao comando da PM que deixasse os bombeiros entrar no complexo. O tenente-coronel Jairo Paes de Lira, comandante do 3º Batalhão de Choque, afirmou que os bombeiros só entrariam na unidade se recebessem a proteção da tropa de choque e que autorizaria a entrada da tropa por meio de uma ordem do presidente da Febem. Domingues da Silva não autorizou a entrada.
Por volta das 20h, os bombeiros tentaram entrar e não conseguiram, devido à reação dos menores rebelados. Às 20h15, chegaram ao complexo reforços da tropa de choque, entre eles policiais com cachorros e dois caminhões com policiais com escudos e cassetetes.
Às 20h30, a direção do órgão e a PM chegaram a um acordo, e os bombeiros puderam entrar na unidade.
Segundo o presidente da Febem, algumas pessoas ficaram levemente feridas, entre funcionários e internos. Por volta das 21h40, um grupo de 50 menores começou a atirar pedras contra os policiais. A tropa de choque avançou, chegou à portaria e jogou seis bombas de efeito moral.

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