São Paulo, quinta-feira, 6 de novembro de 1997
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Cachaça pode ter matado mulher na BA

CHRISTIANNE GONZÁLEZ
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Após tomar cinco doses de cachaça suspeita de contaminação por metanol, a aposentada Margarida Oliveira Freitas, 50, foi encontrada morta na manhã de ontem, numa rua do centro de Lamarão, cidade próxima a Serrinha (BA), onde há 11 pessoas mortas sob suspeita de contaminação.
Segundo informações da polícia de Serrinha (173 km a noroeste de Salvador), Margarida havia tomado cachaça de fabricação clandestina em um bar de Lamarão com quatro amigas. Elas não tiveram nenhuma reação até ontem.
A polícia não soube informar qual a origem da cachaça que teria provocado a morte da aposentada.
A polícia informou também que, segundo uma filha da vítima, antes de morrer, a aposentada havia sentido os mesmos sintomas das outras 11 vítimas fatais que tomaram a cachaça suspeita de contaminação em Serrinha -náuseas, dores de estômago e cegueira.
Ontem à tarde, funcionários da Polícia Técnica de Serrinha foram enviados a Lamarão para colher amostras do sangue de Margarida.
"É preciso constatar se há a presença de álcool e metanol no sangue da vítima", disse Antonio Jorge Calmon Siqueira, chefe da Vigilância Sanitária de Serrinha.
Caso seja confirmada a presença de metanol no sangue da aposentada, sua morte será a primeira em consequência da cachaça a ser registrada fora de Serrinha.
Internação
Anteontem à noite, o vigilante Antonio José da Silva, 41, foi internado no Hospital Santana, em Serrinha, com os mesmos sintomas das vítimas anteriores.
"Ao chegar ao hospital, Silva confessou ter ingerido cachaça de fabricação clandestina, mas seu quadro de saúde permanece estável", disse o gerente administrativo do hospital, José Jean Silva de Jesus.
O laudo das análises realizadas em 17 amostras da cachaça suspeita de contaminação deverá ser divulgado hoje à tarde. Inicialmente, ele estava previsto para ficar pronto amanhã.
Análises preliminares feitas por peritos da Polícia Técnica detectaram a presença de metanol em todas as 17 amostras.
Até o final da tarde de ontem, os peritos ainda não haviam concluído os exames que indicariam a dosagem do metanol (produto tóxico utilizado principalmente como combustível em carros de corrida) e a eventual presença de outros produtos químicos na bebida.

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