São Paulo, quinta-feira, 6 de novembro de 1997
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Consumidor receoso faz procura pelo crediário cair 18% em SP

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O receio do consumidor de assumir novas dívidas por causa do aumento dos juros fez desabar a venda a prazo nos primeiros quatro dias de outubro em São Paulo.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) informa que a média diária de consultas ao SPC (Serviço de Proteção ao Crédito), indicador da venda a prazo, caiu 17,9% de 1º a 4 de novembro na comparação com igual período de outubro.
Essa queda, na análise de Emílio Alfieri, economista da associação, reflete mais o clima de incerteza que o choque monetário provocou no mercado do que o aumento dos juros, pois boa parte do comércio ainda não alterou as taxas.
O desinteresse pelo crediário neste início do mês também é verificado quando a média diária de consultas ao SPC é comparada com a de igual período de 1996.
Há um crescimento de 6,1% no período, mas, ainda assim, diz Alfieri, mostra uma forte desaceleração na venda a prazo. No mês passado, exemplifica, as consultas ao SPC haviam crescido 28,8% sobre as de outubro de 1996.
"Não há dúvida, esses números revelam uma desaceleração violenta nas vendas a crédito", afirma Alfieri. Para ele, mesmo que as lojas não aumentem os juros, as notícias de desaceleração da economia e de demissões afugentam os consumidores.
Até mesmo a venda à vista, segundo a ACSP, foi abalada pela decisão do governo de dobrar os juros básicos da economia. Nos primeiros quatro dias de novembro, a média diária de consultas ao Telecheque subiu 6,1% na comparação com a de igual período do ano passado.
Vale lembrar que, em outubro, as consultas ao Telecheque haviam subido 28,8% sobre as de igual mês do ano passado. "É fato que essa mexida nos juros estragou o Natal, que já não ia ser muito bom."
Muitos lojistas, lembra Alfieri, estavam esperando acabar o mês de outubro para fazer uma programação, mesmo que tímida, de compra para o Natal. "Mas depois de ver que a inadimplência do mês foi recorde -371 mil carnês em atraso- e o aumento dos juros, eles se desanimaram de vez."
Girzs Aronson, proprietário da G. Aronson, diz que nos últimos dias está vendendo basicamente em três vezes. "O próprio consumidor está fugindo do crediário."

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