São Paulo, quinta-feira, 6 de novembro de 1997
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O que é politicagem

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - Os brasileiros fomos informados ontem de dois fatos que são contraditórios entre si.
Fato 1 - O presidente Fernando Henrique Cardoso jurou, em entrevista coletiva, que não gosta e nunca gostou de "politicagem".
Fato 2 - O presidente Fernando Henrique Cardoso recebeu (e aceitou) o apoio do ex-prefeito paulistano, Paulo Salim Maluf, para a sua reeleição.
Lamento, mas não consigo encontrar outra expressão que não "politicagem" para o comportamento tanto do presidente como de Maluf.
Desde que se conhecem por gente, Maluf e FHC estiveram em campos opostos. Durante a maior parte do tempo, separados até ideologicamente.
Com a guinada do presidente, acabaram se aproximando sob esse ponto de vista.
Mas, eleitoralmente, continuaram separados.
Mais do que isso: na mais recente campanha eleitoral (a municipal de 1996), o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, disse o diabo de Maluf, a ponto de estar até sendo processado por isso, salvo erro de memória. Nem o PT chegou a ser tão virulento quanto Motta nos ataques a Maluf.
Todo o mundo sabe que Motta é íntimo do presidente. Se disse o que disse, a lógica elementar manda supor que FHC concorda. Tanto que nem advertiu seu ministro, nem o demitiu do cargo, nem perderam a intimidade.
É ou não "politicagem" aceitar o apoio de um cidadão tão vil como Maluf seria, segundo Motta, e continuar também amigo e parceiro político de Motta?
O tucanato vai dizer que não. Dias atrás, até uma das figuras mais sérias e sóbrias do partido e, talvez, da política brasileira, o deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB-SP), já antecipou: "Apoio não se rejeita".
Beleza. Se o Collor quiser entrar para o saco de gatos "fernandista", pode? E o Ronivon Santiago, vai ficar de fora? Quem sabe essa tal de Georgina, a da fraude na Previdência?

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