São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Deputados param por salário atrasado

ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACEIÓ

Os 21 deputados que integram a bancada do governador de Alagoas, Manoel Gomes de Barros (PTB), só pretendem votar os dois projetos de lei que garantem o fim da suspensão do socorro financeiro do governo federal depois de receber salários e verbas de gabinete atrasados.
Os governistas esvaziaram a sessão de ontem da Assembléia Legislativa, que não aconteceu por falta de quórum. A Casa tem 27 deputados. Barros, que estava em Brasília para mostrar resultados ao ministro da Fazenda, Pedro Malan, irritou-se com a atitude da bancada.
Nem seus telefonemas aos deputados ajudaram a realização da sessão, e Barros voltou a Maceió (AL) sem os recursos. Barros havia acertado que ontem os dois projetos exigidos pelo governo federal seriam aprovados.
O envio da verba foi suspenso há dois meses pelo ministro porque Barros não cumpriu as exigências do governo federal. São R$ 10 milhões mensais para pagamento dos sete salários atrasados dos 55 mil servidores estaduais.
Um dos projetos que está emperrando a emissão de dinheiro para Alagoas é o que acaba com os acordos dos usineiros, que ficaram nove anos sem pagar impostos estaduais devido aos atos do então governador Fernando Collor.
O outro é o que transfere a dívida de R$ 250 milhões da Companhia Energética de Alagoas, que foi federalizada, para o Estado.
Os deputados estão irritados, principalmente, com o atraso dos meses de setembro e outubro da verba de gabinete, dinheiro que muitos usam para manter suas bases eleitorais com favores.
O governo deve R$ 32 mil de verba de gabinete para cada deputado. Deve também os salários de outubro, novembro, dezembro e o 13º salário do ano passado.
No total, cada deputado tem a receber R$ 58 mil, o suficiente para comprar cinco carros populares.
"Estou com as quatro contas bancárias no vermelho. Não vou mais a minha casa, onde 200 pessoas estão pedindo comida, remédio e caixão. É com a verba de gabinete que ajudo os eleitores", disse o deputado governista Jota Duarte (PTB), ao jogar os quatro talões de cheque na mesa do plenário.

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