São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Governo usa BNDES para garantir leilão
CHICO SANTOS
A informação foi confirmada à Folha pelo próprio BNDES. A iniciativa da BNDESPar foi parte do esforço feito pelo governo federal para assegurar que não haveria um fracasso no leilão da CPFL. O governo temia que um eventual fracasso na venda da estatal paulista de energia agravasse ainda mais o quadro de instabilidade econômica provocado pela crise nas Bolsas de Valores. Após o crash das Bolsas, no último dia 23, diversos analistas do mercado chegaram a defender o adiamento do leilão. Precedentes Caso a entrada da BNDESPar se confirmasse, não seria a primeira vez que ela interviria para viabilizar um leilão de privatização. Isso ocorreu na venda da Light Serviços de Eletricidade, em maio de 96, e na da Companhia Vale do Rio Doce, em maio deste ano. No caso da Light, a BNDESPar comprou diretamente no leilão uma participação de 9,14% no capital da empresa. Sem essa intervenção, a empresa poderia ter ficado sem comprador. No caso da Vale, a subsidiária do BNDES entrou com uma participação de 9% no capital da Valepar, empresa que comprou 52,2% do capital da estatal. Financiamento Mesmo não tendo sido necessária sua participação no leilão da CPFL, a BNDESPar está negociando com a VBC Energia (Votorantim, Bradesco e Camargo Corrêa), empresa líder do consórcio que adquiriu o controle da ex-estatal, uma participação posterior no capital da empresa que vai gerir a distribuidora de eletricidade. Segundo informação do BNDES, essas participação seria na forma da compra de debêntures (títulos de crédito conversíveis ou não em ações) de uma possível empresa a ser criada pelo consórcio comprador da CPFL. Ainda não está definido se essa empresa existiria exclusivamente para gerir a CPFL ou se ela iria também gerir a CEEE Norte-Nordeste, empresa gaúcha, também distribuidora de energia elétrica, adquirida em leilão no mês passado por um consórcio liderado pela VBC Energia. O valor da aplicação a ser feita pela BNDESPar no projeto ainda não foi definido e dependerá do tamanho que venha a ter a futura operadora. A disposição da BNDESPar de entrar no leilão foi apenas uma parte do esforço do governo federal para garantir o sucesso da privatização da CPFL. O próprio BNDES também se dispôs a financiar até 50% do preço mínimo da empresa (R$ 886 milhões) para o consórcio vencedor do leilão. Essa iniciativa também não é inédita, já tendo sido posta em prática em outras privatizações, como a da Coelba (Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia). Mas antes da crise das Bolsas, o limite de financiamento do BNDES para o leilão da CPFL era de 30% do preço mínimo, tendo sido elevado para 50% depois do crash global. Texto Anterior: Estado busca meio de evitar monopólio Próximo Texto: Fundos mantêm investimentos Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |