São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Para reitor, protesto foi manipulado

MARCOS PIVETTA; FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

O reitor da USP, Flávio Fava de Moraes, afirmou que a manifestação contra a morte do estudante Daniel Pereira de Araújo no campus da universidade foi "um momento de muita emoção, até de certa forma previsível".
Para Fava, o protesto "foi politicamente manipulado por causa da eleição (para reitor, que ocorreu ontem)".
Segundo ele, "é lamentável que os meninos (colegas de Daniel) tenham sido manipulados" por entidades sindicais da USP que dirigiam o movimento contestatório.
Flávio Fava afirmou que a orientação da universidade foi a de usar a maior tolerância possível com relação aos manifestantes. "Alguns vidros quebrados saem mais barato do que um confronto", afirmou o reitor.
Culpa da mídia
O assessor da prefeitura da Cidade Universitária, Ruy de Campos Pereira da Silva, disse que a "mídia" também era responsável pela criação do clima que levou aos protestos violentos de ontem na universidade.
"A mídia está alimentando um clima (de confronto entre a população e os seguranças da USP)", afirmou Silva.
Munido de um rádio de comunicação, que o colocava em contato constante com a segurança da USP, Silva acompanhou os protestos de uma sala no terceiro andar do prédio da reitoria.
Ele também culpou os dirigentes do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) e os alunos pelos incidentes de ontem.
Para ele, no entanto, o quebra-quebra na universidade foi desencadeado sobretudo pelos moradores da favela São Remo, vizinha à universidade, onde mora a família de Daniel.
"Eles querem quebrar a USP inteira", afirmou Silva. Ele considerou injusto o protesto dos moradores da favela.
Silva afirmou que quando os moradores da favela ficam doentes eles procuram os serviços do HU (Hospital Universitário).
"Eles quebram a universidade e depois precisam de nosso auxílio" afirmou o assessor da prefeitura da Cidade Universitária.
(MP e FR)

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