São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Família de motorista se deita sobre ponte

Perueiro ainda paga veículo apreendido

DA REPORTAGEM LOCAL

O perueiro Edson Antônio Dias Ruiz, 31, diz que vai continuar lutando pela legalização das lotações. "Eu faço tudo de novo, se precisar."
Como a maioria dos motoristas de lotação, ele ainda está pagando a perua Hyundai que comprou há quatro meses.
Ruiz dirige lotações há cinco meses. "Comecei trabalhando para os outros e depois resolvi ter a minha própria perua", diz.
Após a manifestação de ontem, Ruiz acabou preso e teve sua perua apreendida.
Antes de trabalhar como perueiro, ele ficou seis meses desempregado. Antes, trabalhava como segurança. Ruiz é casado e tem uma filha de 3 anos. A casa em que mora é alugada.
"Eu estava passando muitas necessidades, minha filha estava com fome e aí eu resolvi entrar nesse negócio de lotação."
Ruiz, que mora no Jardim Prainha (zona sul de SP), faz a linha que liga o bairro a Santo Amaro. "A gente ajuda as pessoas porque não passa ônibus perto de onde eu moro", diz.
Na hora da prisão, o perueiro estava deitado sobre a ponte do Socorro, acompanhado da mulher e da filha. "Minha mulher estava ajudando a apoiar (os perueiros) e nós não tínhamos com quem deixar a menina."
O perueiro também teve sua lotação apreendida. Ele diz não ter dinheiro para retirá-la do pátio da SPTrans. "Com a ajuda dos companheiros, acho que vou conseguir juntar dinheiro."
Ruiz diz que não vai abandonar a nova profissão. "Que alternativa eu tenho?"
O perueiro disse achar errada a manifestação de ontem. "Mas o que é certo nesse país? Eu peço desculpas à população, mas se os políticos não fizerem nada, vamos fechar a ponte de novo."

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