São Paulo, sexta-feira, 7 de novembro de 1997
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Taxa alta tem efeito devastador, diz CNI

Indústria poderá ter desemprego "brutal"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) prevê que a eventual manutenção das atuais taxas de juros por mais de dois meses teria um efeito "devastador"sobre a indústria, gerando um desemprego "brutal" no setor.
O coordenador-adjunto da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, disse ontem que, independentemente da velocidade da redução das taxas, o setor que mais sentirá o efeito dos juros será o de bens duráveis, principalmente os automóveis e eletrodomésticos.
A venda desses produtos é tradicionalmente financiada e as prestações no varejo estão aumentando muito com a disparada dos juros.
Segundo Castelo Branco, este ano a indústria ainda não vai sentir os efeitos das taxas altas porque já fechou os contratos de venda para novembro e dezembro. O problema, segundo ele, virá no início do ano que vem.
A expectativa é que o comércio tenha um fim de ano fraco em relação ao que estava sendo esperado antes da crise que afetou as Bolsas. Com isso, entrará em 1998 com um estoque grande, reduzindo o nível de compras da indústria.
O nível de emprego medido pela CNI caiu 14,36% de maio de 1995 a setembro passado. A queda começou logo depois da crise do México, que também obrigou o governo a aumentar a taxa de juros.
"Com isso, dá para imaginar o efeito de outro aumento dos juros sobre o emprego", disse Castelo Branco.
Ele argumentou que, mesmo que as taxas comecem a ser diminuídas agora, a redução certamente não será feita na mesma velocidade que a alta. "De qualquer maneira, o quadro merece algum tipo de preocupação", afirmou.
O presidente da CNI, Fernando Bezerra, afirmou que pretende sugerir ao governo a redução do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 15% para 6%.
Ele anunciou que a confederação também está fazendo um estudo sobre o impacto que o fim da cobrança do PIS e Cofins teria na arrecadação. Dependendo dos resultados da pesquisa, Bezerra disse que poderá apresentar uma emenda constitucional ao Congresso propondo o fim desses impostos.
Ontem a CNI divulgou os indicadores industriais de setembro, que apontavam um crescimento de 5,38% nas vendas reais em relação ao mês anterior.

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